UOL


São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Desemprego aumenta e salário cai

Tuca Vieira/Folha Imagem
Desempregados olham anúncios com ofertas de emprego em cartazes afixados na rua 24 de Maio, no centro da capital paulista


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O mercado de trabalho se deteriorou em abril: o rendimento médio do trabalhador caiu, a taxa de desemprego subiu ligeiramente e a informalidade cresceu. É o que mostra a Pesquisa Mensal de Emprego, divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O desemprego manteve em abril a trajetória de alta iniciada em janeiro -ficou em 12,4%, contra 12,1% em março. Em abril de 2002, fora de 12,5%.
O rendimento habitualmente recebido (desconsidera vencimentos extraordinários, como férias) teve queda de 7,7% em relação a abril de 2002. Na comparação com março, houve pequeno crescimento de 0,3%.
Comparado com abril de 2002, o número de empregados sem carteira assinada cresceu 9,1% -percentual maior do que a expansão de 3,5% dos com carteira.
O economista Márcio Ferrari, do IBGE, disse que, com a renda em baixa, mais integrantes de uma mesma família foram obrigados a procurar emprego para compensar a queda no orçamento. Isso eleva, segundo ele, tanto o número de pessoas empregadas como o de desocupados.
Para o economista Luiz Suzigan, da consultoria LCA, "a fragilidade da atividade econômica", com a alta dos juros e da inflação, fez com que o rendimento continuasse declinante.
Sobre o aumento da informalidade, ele disse que decorre do fato de os empregadores estarem trocando postos formais por informais, cujos salários são menores, o que influencia também a renda.

Estabilidade
Para o gerente do Departamento de Emprego e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo Pereira, não houve aumento do desemprego em abril, mas uma estabilidade. É que a alta de apenas 0,3 ponto percentual, afirmou, "está dentro do intervalo de confiança" -o equivalente a uma margem de erro. Desde março, o IBGE passou a considerar essa margem em suas divulgações.
Segundo Pereira, a taxa de desemprego não mudou significativamente porque cresceu o número de ocupados e o de desocupados.
O total de pessoas trabalhando aumentou 5,4% (ou 936 mil pessoas), enquanto que a desocupação teve alta de 4,7% (ou 117 mil pessoas) em relação a abril de 2002. Em números absolutos, 18,26 milhões de pessoas estavam empregadas em abril.
Para Lauro Ramos, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), toda pesquisa por amostra tem um intervalo de confiabilidade. Ele disse, porém, que ao observar a tendência dos últimos meses "fica claro que o desemprego está em alta".
Ramos afirmou que "sem uma nova política de geração de empregos o mercado de trabalho está a reboque do cenário macroeconômico", incluindo inflação e juros elevados (o Copom manteve ontem os juros inalterados em 26,5% ao ano).
Na visão de Suzigan, o comportamento do emprego é heterogêneo: cresce nos ramos mais ligados às exportações, um dos pilares de dinamismo da economia, e recua naqueles mais voltados ao mercado doméstico.
Para o banco BBV, "os indicadores não são tão ruins como parecem", pois ainda não estão ocorrendo demissões.
Em São Paulo, que representa cerca de 40% da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, o número de trabalhadores sem carteira subiu 11,5% em relação a abril de 2002. Na região metropolitana, o desemprego ficou em 14,3% -só inferior à de Salvador (16,7%).


Texto Anterior: Luís Nassif: A pós-graduação e a economia
Próximo Texto: Curto-circuito: Dilma pode investigar suposto conluio na venda da Eletropaulo
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.