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CURTO-CIRCUITO
Governo quer que escândalo envolvendo AES e Enron, como revelou o "Financial Times", seja apurado
Dilma pode investigar suposto conluio na venda da Eletropaulo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ministra de Minas e Energia,
Dilma Rousseff, e o presidente da
Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa,
defenderam ontem que seja apurado o escândalo envolvendo um
suposto acordo entre a AES e a
Enron no leilão da Eletropaulo. A
informação foi divulgada ontem
pelo jornal "Financial Times"
(leia texto abaixo).
"Não é bom essas coisas ficarem
assim embaixo do tapete, porque
há muitas empresas que não têm
nada a ver com isso operando no
Brasil, estrangeiras inclusive, que
não devem ser confundidas com
essas operações. Era bom apurar
isso", disse Pinguelli.
Segundo ele, esse tipo de problema está relacionado com a privatização do setor elétrico, durante os dois mandatos de FHC. "Foi
tudo feito de forma intempestiva,
a fim de arrecadar dinheiro, o setor elétrico foi totalmente ignorado, abandonado."
Dilma Rousseff disse que, além
do que havia sido publicado nos
jornais, não tinha conhecimento
sobre o assunto. Segundo ela, no
entanto, o governo pode tomar
providências se ficar comprovado
que houve prejuízo ao Estado.
Segundo a reportagem do "FT",
a AES e a Enron teriam feito um
acordo para manipular o leilão da
Eletropaulo, em 1998. Pelo acordo, a Enron não faria lance mais
alto no leilão e, em troca, venderia
gás para a Eletropaulo. Não houve
ágio, e o governo recebeu o preço
mínimo: R$ 1,78 bilhão.
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Carlos Lessa, afirmou que não ficou surpreso com a notícia. "Não tenho certeza, mas não me surpreendo que
tenha havido tal coisa", disse Lessa. "O meu problema não é esse [o
acordo entre a AES e a Enron]. O
meu problema, como BNDES, é
receber o que me é devido. Eles [a
AES] me devem e quero receber."
O BNDES decidiu ontem não
comentar a existência de uma suposta fraude na privatização da
Eletropaulo. O banco diz que não
tem nenhuma relação com o caso
e que, por isso, não se pronuncia.
Segundo o BNDES, sua única participação foi ter disponibilizado a
quem vencesse o leilão o equivalente a 50% do preço mínimo, na
forma de financiamento.
Colaborou Chico Santos,
da Sucursal do Rio
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