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São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003

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CURTO-CIRCUITO

Governo quer que escândalo envolvendo AES e Enron, como revelou o "Financial Times", seja apurado

Dilma pode investigar suposto conluio na venda da Eletropaulo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, e o presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, defenderam ontem que seja apurado o escândalo envolvendo um suposto acordo entre a AES e a Enron no leilão da Eletropaulo. A informação foi divulgada ontem pelo jornal "Financial Times" (leia texto abaixo).
"Não é bom essas coisas ficarem assim embaixo do tapete, porque há muitas empresas que não têm nada a ver com isso operando no Brasil, estrangeiras inclusive, que não devem ser confundidas com essas operações. Era bom apurar isso", disse Pinguelli.
Segundo ele, esse tipo de problema está relacionado com a privatização do setor elétrico, durante os dois mandatos de FHC. "Foi tudo feito de forma intempestiva, a fim de arrecadar dinheiro, o setor elétrico foi totalmente ignorado, abandonado."
Dilma Rousseff disse que, além do que havia sido publicado nos jornais, não tinha conhecimento sobre o assunto. Segundo ela, no entanto, o governo pode tomar providências se ficar comprovado que houve prejuízo ao Estado.
Segundo a reportagem do "FT", a AES e a Enron teriam feito um acordo para manipular o leilão da Eletropaulo, em 1998. Pelo acordo, a Enron não faria lance mais alto no leilão e, em troca, venderia gás para a Eletropaulo. Não houve ágio, e o governo recebeu o preço mínimo: R$ 1,78 bilhão.
O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, afirmou que não ficou surpreso com a notícia. "Não tenho certeza, mas não me surpreendo que tenha havido tal coisa", disse Lessa. "O meu problema não é esse [o acordo entre a AES e a Enron]. O meu problema, como BNDES, é receber o que me é devido. Eles [a AES] me devem e quero receber."
O BNDES decidiu ontem não comentar a existência de uma suposta fraude na privatização da Eletropaulo. O banco diz que não tem nenhuma relação com o caso e que, por isso, não se pronuncia. Segundo o BNDES, sua única participação foi ter disponibilizado a quem vencesse o leilão o equivalente a 50% do preço mínimo, na forma de financiamento.


Colaborou Chico Santos, da Sucursal do Rio


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