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CURTO-CIRCUITO
Casa Civil propõe, entre outras medidas, fim da estabilidade para diretores e unificação de seus mandatos
Governo estuda reduzir poder de agências
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo estuda acabar com a
estabilidade dos diretores das
agências reguladoras. A proposta
consta de estudo feito por um
grupo de trabalho coordenado
pela Casa Civil.
O grupo entregará um relatório
na semana que vem ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva com sugestões para a modificação do papel das agências. Com base no relatório, Lula poderá enviar projetos de lei ao Congresso para fazer
as alterações.
De acordo com Luiz Alberto dos
Santos, sub-chefe para assuntos
governamentais da Presidência
da República e coordenador do
grupo, o mandato dos diretores
ficaria vinculado ao cumprimento de metas de desempenho estabelecidas em contratos de gestão.
Esses contratos já existem hoje.
A Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica), por exemplo,
tem contrato de gestão com o Ministério de Minas e Energia. A diferença, nesse caso, seria a vinculação do cargo de diretor ao cumprimento das metas contratuais.
Outra modificação em estudo,
segundo Santos, é a unificação
dos mandatos dos diretores em
quatro anos, não coincidentes
com o mandato do presidente da
República. Hoje, há mandatos de
mais de quatro anos.
As mudanças no funcionamento das agências começaram a ser
feitas após críticas de integrantes
do governo sobre o excesso de autonomia que elas têm.
Fim de agências
O coordenador do grupo explicou que há estudos para acabar
com agências como a ANA
(Agência Nacional de Águas) e a
Ancine (Agência Nacional de Cinema). Segundo ele, existem
"agências que foram criadas para
ter apenas certas prerrogativas
[como estabilidade nos cargos],
quando elas não exercitam funções regulatórias".
Enquanto quer acabar com algumas agências, o governo, de
acordo com Santos, pretende retomar o processo de criação da
Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). O projeto estava na CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara quando foi retirado pelo governo.
O diretor-presidente da ANA,
Jerson Kelman, disse que o eventual fim da sua agência reguladora
poderia gerar instabilidade. Ele
afirmou que há conflitos envolvendo o uso das águas que necessitam da atuação de uma agência
reguladora. "Quando todos
acham que podem usar os rios,
pode acontecer uma tragédia."
Kelman, assim como Santos,
participou ontem de seminário
no Ministério do Planejamento
sobre agências reguladoras.
Leilões
Outra modificação que deve ser
sugerida ao presidente é a retirada
das agências do poder de fazer
editais, contratos e leilões. Na visão do grupo de estudo, esse é um
equívoco do modelo atual.
A ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia), que já havia dado
essa opinião, voltou a afirmar ontem que a possibilidade de as
agências realizarem leilões provoca conflito de interesses, porque
são essas mesmas agências que
têm que fiscalizar se o processo foi
realizado corretamente.
Agências
Procurados pela Folha, por
meio de suas assessorias de imprensa, os presidentes da ANP,
Anatel e Aneel não quiseram comentar os estudos feitos pela Casa
Civil.
Ontem, Santos afirmou que não
há representantes das agências no
grupo de estudo porque elas são
representadas pelos ministérios
aos quais estão vinculadas.
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