São Paulo, terça-feira, 22 de maio de 2007

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Compra de empresas entra em "zona de risco", alerta OCDE

Para entidade, os chamados fundos de "private equity" vivem fase em que fica cada vez mais difícil encontrar bons negócios para investir

Motivos para expansão de aquisições de companhias por fundos são demanda forte dos investidores, juro baixo e excesso de liquidez

DA REDAÇÃO

Com seus nomes cada vez mais presentes no noticiário econômico pela compra de grandes empresas, os fundos de "private equities" (de capital privado) estão entrando em uma zona de risco, de acordo com a OCDE (Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento).
Para o organismo, as compras alavancadas, em que o fundo adquire uma empresa por meio de empréstimos, estão vivendo um momento de amadurecimento, em que fica cada mais difícil encontrar bons negócios e crescem os riscos de os "private equities" assumirem empréstimos ruins.
"As companhias de "private equity" estão pagando preços mais altos pelo direito de usar seu conhecimento. Então simples mudanças na estrutura do capital podem não ser suficientes para gerar bons retornos."
A atuação de um fundo de "private equity" consiste basicamente em adquirir o controle de empresas, fechar seu capital e sanear as contas dessas empresas, para depois vendê-las, com lucro. O setor tem sido um dos que oferecem os mais altos retornos nos últimos anos no mundo.
Em capítulo de seu estudo "Tendências do Mercado Financeiro", a OCDE diz que "dificilmente é uma surpresa" o boom de aquisições de empresas por esses fundos. Segundo o órgão com sede em Paris, o motivo para essa procura é a forte demanda dos investidores combinada com um ambiente de juros baixos e excesso de liquidez pelo mundo.
Para a OCDE, o excesso global de poupança e de liquidez pode levar os preços das compras a "níveis excessivos". E o principal motivo dessa liquidez, afirma, são as reservas chinesas -de cerca de US$ 1,2 trilhão- e o investimento de parte desse montante na compra de títulos do Tesouro americano, contribuindo para que os juros americanos permaneçam "baixos" -atualmente estão em 5,25% ao ano.
No entanto, apesar das críticas, a entidade diz que a tendência é que essas transações continuem. "Caso os juros não se alterem, as compras alavancadas irão continuar até que os preços das aquisições cheguem a um ponto em que o rendimento delas será menos atrativo do que o dos títulos."
A OCDE também lembra que os fundos de "private equity" são uma "fonte de mudança e de eficiência de mercado" e que respondem a sinais da economia global, como o baixo custo do crédito.
Um desses fundos, o KKR, comprou uma central de geração de energia elétrica nos Estados Unidos por US$ 45 bilhões em fevereiro. Na semana passada, o Cerberus adquiriu a Chrysler por US$ 7,4 bilhões.


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