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Vale corta 37% de seu investimento neste ano
Mineradora diz que câmbio barateou investimentos, mas encolhe projetos
Mineradora é uma das mais afetadas pela crise global, que reduziu a demanda por minério de ferro, seu principal produto
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Uma das empresas brasileiras mais afetadas pela crise global, a Vale do Rio Doce anunciou ontem uma redução drástica de seu plano de investimento para 2009. Os US$
14,235 bilhões em investimentos anunciados em outubro de
2008 foram reduzidos agora
para US$ 9,035 bilhões. Trata-se de um corte de 37% -ou US$
5,2 bilhões.
Segundo a Vale, a valorização
do real reduziu seus custos,
permitindo que ela faça investimentos gastando menos recursos. A mineradora, segunda
maior empresa do Brasil (atrás
só da Petrobras), alega ainda
que atrasos em licenças ambientais seguraram investimentos.
"Essa revisão reflete basicamente a variação de preço das
moedas nas quais nossos dispêndios são denominados, revisão de custos de equipamentos e de implantação, atrasos
associados principalmente à
obtenção de licenças ambientais e simplificação ou mudança de escopo de alguns projetos", disse a Vale em comunicado no início da noite de ontem.
A empresa não atribuiu à crise o corte de investimentos,
mas é natural rever projetos em
momentos de forte desaceleração do consumo global de minério de ferro.
A crise travou a produção siderúrgica mundial -que, em
alguns país, foi reduzida à metade- e levou à reboque o mercado de minério de ferro, principal insumo do aço.
Diante desse cenário, a produção da Vale, maior produtora
mundial do minério, caiu
25,9% no primeiro trimestre na
comparação com o período de
outubro a dezembro do ano
passado. Segundo a companhia, uma "redução de demanda sem precedentes" provocou
o tombo.
Com uma produção menor, a
empresa viu seus ganhos minguarem. A mineradora lucrou
R$ 3,151 bilhões no primeiro
trimestre deste ano, abaixo da
cifra recorde de R$ 10,4 bilhões
do quarto trimestre de 2008.
Nos números apresentados à
CVM, porém, a Vale ajustou o
balanço do primeiro trimestre
deste ano e os dos trimestres
anteriores às novas regras contábeis e informou um crescimento de 29,1% no lucro no
primeiro trimestre deste ano
em relação ao quarto trimestre
de 2008, que teve o valor revisado para R$ 2,4 bilhões. Se
comparado o resultado do primeiro trimestre com os R$ 10,4
bilhões dos três meses anteriores (sem ajuste), a queda seria
de 69%.
Projetos
Pelo novo orçamento, serão
investidos US$ 6,961 bilhões
em expansão de suas atividades
-dos quais US$ 5,930 bilhões
em projetos e US$ 1,031 bilhão
em pesquisa e desenvolvimento. Outros US$ 2,074 bilhões
irão para a manutenção das
operações existentes.
Por áreas de negócio, US$
3,109 bilhões serão alocados
em minerais não-ferrosos (especialmente cobre e níquel), o
que representa 34,4% do total.
Os ferrosos receberão US$
2,302 bilhões, 25,5% do investimento global.
Para a área de infraestrutura,
foram alocados US$ 630 milhões em geração de energia e
US$ 1,858 bilhão em logística
-cuja maior parte será destinada para suportar o plano de
aumento da produção de minério de ferro. Em carvão, a Vale
investirá US$ 578 milhões.
Ações
Desde a eclosão da crise global, em 15 de setembro passado,
as ações da Vale chegaram a
cair 37%, mas se recuperaram e
ontem acumulavam queda de
9,3% desde aquela data, ante
4,39% do Ibovespa.
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