São Paulo, sexta-feira, 22 de maio de 2009

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Vale corta 37% de seu investimento neste ano

Mineradora diz que câmbio barateou investimentos, mas encolhe projetos

Mineradora é uma das mais afetadas pela crise global, que reduziu a demanda por minério de ferro, seu principal produto

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Uma das empresas brasileiras mais afetadas pela crise global, a Vale do Rio Doce anunciou ontem uma redução drástica de seu plano de investimento para 2009. Os US$ 14,235 bilhões em investimentos anunciados em outubro de 2008 foram reduzidos agora para US$ 9,035 bilhões. Trata-se de um corte de 37% -ou US$ 5,2 bilhões.
Segundo a Vale, a valorização do real reduziu seus custos, permitindo que ela faça investimentos gastando menos recursos. A mineradora, segunda maior empresa do Brasil (atrás só da Petrobras), alega ainda que atrasos em licenças ambientais seguraram investimentos.
"Essa revisão reflete basicamente a variação de preço das moedas nas quais nossos dispêndios são denominados, revisão de custos de equipamentos e de implantação, atrasos associados principalmente à obtenção de licenças ambientais e simplificação ou mudança de escopo de alguns projetos", disse a Vale em comunicado no início da noite de ontem.
A empresa não atribuiu à crise o corte de investimentos, mas é natural rever projetos em momentos de forte desaceleração do consumo global de minério de ferro.
A crise travou a produção siderúrgica mundial -que, em alguns país, foi reduzida à metade- e levou à reboque o mercado de minério de ferro, principal insumo do aço.
Diante desse cenário, a produção da Vale, maior produtora mundial do minério, caiu 25,9% no primeiro trimestre na comparação com o período de outubro a dezembro do ano passado. Segundo a companhia, uma "redução de demanda sem precedentes" provocou o tombo.
Com uma produção menor, a empresa viu seus ganhos minguarem. A mineradora lucrou R$ 3,151 bilhões no primeiro trimestre deste ano, abaixo da cifra recorde de R$ 10,4 bilhões do quarto trimestre de 2008.
Nos números apresentados à CVM, porém, a Vale ajustou o balanço do primeiro trimestre deste ano e os dos trimestres anteriores às novas regras contábeis e informou um crescimento de 29,1% no lucro no primeiro trimestre deste ano em relação ao quarto trimestre de 2008, que teve o valor revisado para R$ 2,4 bilhões. Se comparado o resultado do primeiro trimestre com os R$ 10,4 bilhões dos três meses anteriores (sem ajuste), a queda seria de 69%.

Projetos
Pelo novo orçamento, serão investidos US$ 6,961 bilhões em expansão de suas atividades -dos quais US$ 5,930 bilhões em projetos e US$ 1,031 bilhão em pesquisa e desenvolvimento. Outros US$ 2,074 bilhões irão para a manutenção das operações existentes.
Por áreas de negócio, US$ 3,109 bilhões serão alocados em minerais não-ferrosos (especialmente cobre e níquel), o que representa 34,4% do total. Os ferrosos receberão US$ 2,302 bilhões, 25,5% do investimento global.
Para a área de infraestrutura, foram alocados US$ 630 milhões em geração de energia e US$ 1,858 bilhão em logística -cuja maior parte será destinada para suportar o plano de aumento da produção de minério de ferro. Em carvão, a Vale investirá US$ 578 milhões.

Ações
Desde a eclosão da crise global, em 15 de setembro passado, as ações da Vale chegaram a cair 37%, mas se recuperaram e ontem acumulavam queda de 9,3% desde aquela data, ante 4,39% do Ibovespa.


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