São Paulo, sexta-feira, 22 de maio de 2009

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Reino Unido pode perder nota máxima de crédito

Standard & Poor's questiona aumento do endividamento pelo governo britânico

Grande preocupação de investidores é que os EUA, que também aumentaram os gastos, possam deixar de ter classificação "AAA"


DA REDAÇÃO

Com as contas do governo britânico se deteriorando devido à crise, o Reino Unido pode perder o nível máximo de confiança de crédito, aumentando o temor de que outras grandes economias possam deixar de ter a nota -fundamental para financiar a dívida pública.
A agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a perspectiva do crédito britânico, que hoje tem a melhor nota possível, de "estável" para "negativa". Foi a primeira vez que a empresa americana colocou em xeque a nota do Reino Unido desde que ela começou a analisar as finanças públicas do país, em 1978.
Uma mudança na nota provocará um forte abalo nas contas do governo do Reino Unido. Um rebaixamento significa que os títulos do Tesouro britânico serão vistos como de risco maior que os atuais. Para atrair os investidores, o governo terá que pagar juros maiores.
O alerta, diz a agência, é baseado na previsão de que a dívida pública britânica se aproximará de 100% do PIB em 2013. "Uma dívida do governo desse nível, caso mantida, seria, na visão da Standard & Poor's, incompatível com a nota "AAA" [máxima]". Pela previsão do governo, a dívida neste ano representará 12,4% do PIB, porém essa estimativa é considerada otimista por analistas.
Pelos cálculos do FMI, a dívida do governo britânico representará 66,9% do PIB em 2010, superando os 58,1% da Alemanha e os 29,1% do Canadá. Para os EUA, a previsão é que ela chegue a 70,4% do PIB -0,2 ponto percentual menor que a estimativa para a França.
O aumento do endividamento público é reflexo da elevação de gastos pelos governos para tentar frear a pior recessão desde a Segunda Guerra. O governo do primeiro-ministro Gordon Brown, que enfrenta eleições gerais no ano que vem, gastou centenas de bilhões de dólares no resgate ao sistema bancário (o RBS e o Lloyds, na prática, foram estatizados). Ainda assim, a economia encolheu 1,9% no primeiro trimestre, e o desemprego é o maior em 13 anos.
Nos últimos meses, Espanha, Portugal, Irlanda, Grécia e Islândia já tiveram as suas notas de crédito diminuídas ou colocadas em cenário negativo devido à crise -o Japão teve rebaixada a classificação da dívida em moeda estrangeira.
Mas a maior preocupação entre os investidores é que os Estados Unidos, a maior economia mundial, também possam perder a sua nota máxima, já que o governo também vem aumentando os gastos para conter a crise, seja em planos de estímulo à economia, seja em pacotes de resgate a bancos.


Com "Financial Times", "The New York Times" e agências internacionais


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