São Paulo, sábado, 22 de maio de 2010

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Portugal Telecom quer comprar controle da Vivo

Após recusarem oferta da Telefónica, portugueses preparam contra-ataque

Sem investimentos a serem feitos e com o alongamento de sua dívida, portugueses afirmam ter condições de tirar espanhóis da Vivo

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

A PT (Portugal Telecom), que controla a Vivo com a Telefónica, partiu para o ataque. Após recusar a proposta da Telefónica, que pretendia adquirir a participação dos portugueses na Vivo, a PT diz que está pronta para comprar a parcela dos espanhóis.
Essa disputa é antiga. A Telefónica já tentou assumir o controle da Vivo há três anos, mas a oferta foi considerada baixa, segundo um alto executivo da PT.
Esse mesmo executivo afirmou à Folha que a última proposta da Telefónica (de 5,7 bilhões), feita há 12 dias, foi negada por ser "coxa". A Vivo representa metade das receitas da PT e possui 52 milhões de clientes, mais da metade da meta estabelecida pelo grupo nos países onde atua até 2011.
Ainda segundo esse executivo, a PT não precisa vender sua participação porque já desfruta do controle estratégico da Vivo (os espanhóis cuidam da gestão operacional da operadora). Ela tampouco precisa comprar a parcela dos espanhóis.
Apesar disso, a companhia portuguesa está se preparando para uma capitalização, caso surja a oportunidade de adquirir a parte da Telefónica. Isso aconteceria se a operadora espanhola mudasse os planos e trocasse a Vivo pela TIM.
Os espanhóis também participam da TIM, pertencente à Telecom Italia, que tem a Telefónica como sócia no grupo controlador.

Propostas
Pelas regras do setor no Brasil, um mesmo grupo não pode controlar duas empresas concorrentes. Por isso, se quiserem 100% da TIM, os espanhóis terão de vender a Vivo. E, nesse caso, a PT teria preferência.
Na semana passada, o presidente da Portugal Telecom, Zeinal Bava, visitou acionistas da companhia em diversos países. Um dos motivos da viagem foi dar explicações à recusa da proposta da Telefónica.
Bava disse a eles que os espanhóis pretendiam pagar 3,6 bilhões pela participação da PT na Vivo e outros 2,1 bilhões decorrentes das sinergias entre a Vivo e a Telefônica.
Para um dos executivos da PT envolvidos nas negociações, a Telefónica desconsiderou um laudo assinado pelas três empresas (Vivo, Telefónica e PT) em que constavam as perspectivas futuras de valor da Vivo. Nos cálculos da PT, nenhuma proposta abaixo de 7,5 bilhões seria avaliada.

Pronto para o pires
Outro motivo que levou Bava aos investidores da PT foi mostrar que há mais possibilidades de ganhos com a Vivo, que responde por metade das receitas da companhia portuguesa.
Sozinha, ela possui 52 milhões dos 100 milhões definidos como meta para os países onde a PT atua. "Vendê-la seria amputar o futuro da PT", disse Bava aos investidores.
Além disso, o presidente da PT buscou apoio caso surja a oportunidade de adquirir a parcela dos espanhóis. A Telefónica nunca acreditou que os portugueses tivessem fôlego financeiro para tal, já que a Vivo vale 20% mais que a PT.
Mas, segundo o executivo ouvido pela Folha, o plano de investimento da PT encerra-se neste ano e a sua dívida foi alongada -o que significa que só começará a ser paga em seis anos. Para ele, é uma situação mais que confortável para tomar recursos no mercado caso seja necessário comprar a parte da Telefónica na Vivo.
Os espanhóis afirmam que sua proposta está 145% acima do valor de mercado e que ela não foi devidamente analisada. Para eles, Bava foi se explicar aos acionistas que, aposta a Telefónica, voltarão à mesa de negociações.


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