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Portugal Telecom quer comprar controle da Vivo
Após recusarem oferta da Telefónica, portugueses preparam contra-ataque
Sem investimentos a serem feitos e com o alongamento de sua dívida, portugueses afirmam ter condições de tirar espanhóis da Vivo
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
A PT (Portugal Telecom),
que controla a Vivo com a Telefónica, partiu para o ataque.
Após recusar a proposta da Telefónica, que pretendia adquirir a participação dos portugueses na Vivo, a PT diz que está
pronta para comprar a parcela
dos espanhóis.
Essa disputa é antiga. A Telefónica já tentou assumir o controle da Vivo há três anos, mas a
oferta foi considerada baixa, segundo um alto executivo da PT.
Esse mesmo executivo afirmou à Folha que a última proposta da Telefónica (de 5,7
bilhões), feita há 12 dias, foi negada por ser "coxa". A Vivo representa metade das receitas
da PT e possui 52 milhões de
clientes, mais da metade da
meta estabelecida pelo grupo
nos países onde atua até 2011.
Ainda segundo esse executivo, a PT não precisa vender sua
participação porque já desfruta
do controle estratégico da Vivo
(os espanhóis cuidam da gestão
operacional da operadora). Ela
tampouco precisa comprar a
parcela dos espanhóis.
Apesar disso, a companhia
portuguesa está se preparando
para uma capitalização, caso
surja a oportunidade de adquirir a parte da Telefónica. Isso
aconteceria se a operadora espanhola mudasse os planos e
trocasse a Vivo pela TIM.
Os espanhóis também participam da TIM, pertencente à
Telecom Italia, que tem a Telefónica como sócia no grupo
controlador.
Propostas
Pelas regras do setor no Brasil, um mesmo grupo não pode
controlar duas empresas concorrentes. Por isso, se quiserem
100% da TIM, os espanhóis terão de vender a Vivo. E, nesse
caso, a PT teria preferência.
Na semana passada, o presidente da Portugal Telecom,
Zeinal Bava, visitou acionistas
da companhia em diversos países. Um dos motivos da viagem
foi dar explicações à recusa da
proposta da Telefónica.
Bava disse a eles que os espanhóis pretendiam pagar 3,6
bilhões pela participação da PT
na Vivo e outros 2,1 bilhões
decorrentes das sinergias entre
a Vivo e a Telefônica.
Para um dos executivos da
PT envolvidos nas negociações,
a Telefónica desconsiderou um
laudo assinado pelas três empresas (Vivo, Telefónica e PT)
em que constavam as perspectivas futuras de valor da Vivo.
Nos cálculos da PT, nenhuma
proposta abaixo de 7,5 bilhões seria avaliada.
Pronto para o pires
Outro motivo que levou Bava
aos investidores da PT foi mostrar que há mais possibilidades
de ganhos com a Vivo, que responde por metade das receitas
da companhia portuguesa.
Sozinha, ela possui 52 milhões dos 100 milhões definidos como meta para os países
onde a PT atua. "Vendê-la seria
amputar o futuro da PT", disse
Bava aos investidores.
Além disso, o presidente da
PT buscou apoio caso surja a
oportunidade de adquirir a parcela dos espanhóis. A Telefónica nunca acreditou que os portugueses tivessem fôlego financeiro para tal, já que a Vivo vale
20% mais que a PT.
Mas, segundo o executivo ouvido pela Folha, o plano de investimento da PT encerra-se
neste ano e a sua dívida foi
alongada -o que significa que
só começará a ser paga em seis
anos. Para ele, é uma situação
mais que confortável para tomar recursos no mercado caso
seja necessário comprar a parte da Telefónica na Vivo.
Os espanhóis afirmam que
sua proposta está 145% acima
do valor de mercado e que ela
não foi devidamente analisada.
Para eles, Bava foi se explicar
aos acionistas que, aposta a Telefónica, voltarão à mesa de negociações.
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