DA REPORTAGEM LOCAL

A Globopar (Globo Comunicações e Participações) concluiu ontem o processo de reestruturação financeira anunciado em abril, ao fechar um acordo de refinanciamento de US$ 1,23 bilhão em bônus e dívidas com bancos.
Pelo acordo, novos títulos de dívida serão emitidos pela empresa com prazos de pagamento mais longos, mas com o mesmo valor de face dos antigos.
Ao mesmo tempo, a Globopar fará pagamentos em dinheiro para duas das cinco séries de bônus negociadas. Os recursos virão da venda da participação da Globopar na operadora de TV a cabo Net Serviços para a Telmex (Teléfonos de México).
Além dos pagamentos em dinheiro, US$ 110 milhões serão depositados em uma conta de reserva para honrar o serviço da dívida e serão utilizados de acordo com o Consolidated Trust Deed -entidade que estabelece as normas dos títulos de dívida convertidos. Essa medida protege os credores externos do fato de o grupo brasileiro faturar em reais e dever em dólares.
O descasamento cambial, além do insucesso em investimentos em telecomunicações (TV a cabo, por satélite e internet), levou a Globopar a pedir moratória em outubro de 2002.
"Não poderíamos estar mais satisfeitos com o término bem-sucedido da nossa reestruturação de dívida. Nossa equipe e os comitês de credores trabalharam com afinco durante um longo período. O resultado é uma dívida estruturada em termos atraentes para o mercado e que provê ao grupo uma estrutura de capital sólida e estável", disse Roberto Irineu Marinho, presidente das Organizações Globo, em nota divulgada pela empresa.
A negociação durou dois anos, e o refinanciamento foi obtido por consenso, sem precisar passar por decisão de um tribunal, o que é incomum em um acordo desse porte, segundo Katherine Ashton, sócia da Debevoise & Plimpton, que assessorou a Globopar.


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