São Paulo, sábado, 22 de julho de 2006

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Agência manda a Varig retomar vôos

Suspensão de rotas deixou centenas de passageiros sem voar e sem informação; empresa diz que retomará alguns vôos

Anac diz que clientes não atendidos devem guardar comprovantes para recorrer à Justiça e que a Varig tem de acomodar passageiros

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) decidiu obrigar a Varig a retomar uma parte das linhas para as quais tem concessão. A decisão ocorreu um dia depois que os novos donos da companhia anunciaram a suspensão de todos os vôos, com exceção da ponte aérea Rio-São Paulo.
Ontem à noite, a Varig informou que foram mantidos os vôos internacionais de ontem para Frankfurt e Miami e, no país, para Recife, Fernando de Noronha, Fortaleza, Belém e Foz do Iguaçu. Os vôos foram escolhidos em razão da taxa de ocupação dessas rotas.
A partir de hoje, além desses destinos, a Varig disse que vai operar para Londres e Nova York. A operação de Miami e Nova York continuará sendo em dias alternados. Amanhã, terá um vôo para Caracas e outro para Buenos Aires, que fará escala em Porto Alegre.
Os vôos domésticos restabelecidos a partir de hoje são: Rio-Recife/Fernando de Noronha (ida e volta); Rio (Galeão)/São Paulo (Guarulhos)/Fortaleza (ida e volta) e São Paulo/ Manaus, em dias alternados. Além disso, estão mantidos os vôos da ligação Rio (Santos Dumont)-São Paulo (Congonhas).
A suspensão dos vôos levou o caos para os principais aeroportos do país e mesmo no exterior, deixando centenas de passageiros sem voar, sem hospedagem e sem informações.
Ao contrário do que a nova direção da Varig havia dito anteontem, muitos passageiros encontraram dificuldades para ter seus bilhetes aceitos pelas demais companhias. Em período de férias, a maior parte está com vôos lotados e só têm assentos em agosto.
Na diretoria da Anac, a decisão dos novos donos da Varig foi avaliada como "um desrespeito aos clientes", e a agência decidiu intervir. Um dos diretores, Jorge Velozo, passou o dia reunido com a companhia.
A Varig foi vendida anteontem para a VarigLog, sua ex-subsidiária de transporte de cargas. Os novos donos assumiram a aérea em crise aguda, com pedidos de retomada de aeronaves de praticamente todos os arrendadores.
A Varig operava com 13 aviões e optou por manter só 4 na ponte aérea. O objetivo era pôr mais jatos na manutenção.
Na tarde de ontem, o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, afirmou que a agência não aceitaria que a Varig operasse somente a ponte aérea até o dia 28. Segundo Zuanazzi, a Anac só foi informada da decisão da Varig às 22h30 de anteontem, embora um comunicado à imprensa tenha sido distribuído por volta das 19h. Segundo a agência, a Varig teria que retomar imediatamente os vôos.
Zuanazzi disse ainda que a Varig tem obrigação de acomodar em hotéis os passageiros que não conseguirem embarcar e arcar com as despesas. Ele recomendou aos passageiros que guardem comprovantes de gastos extras, como refeições, hospedagem e bilhetes, para procurar ressarcimento na Justiça.
Desde o dia 21 de junho, a Varig vinha operando em regime de paralisação parcial, priorizando as rotas mais rentáveis. No mercado doméstico, ela voava para Rio, São Paulo, Belém, Brasília, Curitiba, Fernando de Noronha, Foz do Iguaçu, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife e Salvador. No mercado internacional, mantinha vôos para Aruba, Buenos Aires, Caracas, Copenhague, Frankfurt, Lima, Londres, Miami, Nova York, Santa Cruz de La Sierra e Santiago do Chile.
A estratégia da empresa para não perder as rotas que possui é reforçar os compartilhamentos de vôos com empresas como TAP, Lufthansa, Air Canada e United Airlines, membros da Star Alliance, um acordo operacional entre companhias aéreas. "Essa é uma prática antiga na empresa, a diferença é que agora vamos precisar muito mais dos aviões deles", afirmou uma fonte da companhia.
A VarigLog arrematou a Varig em leilão por US$ 24 milhões (R$ 52,34 milhões) e se comprometeu a cumprir obrigações e investimentos que somam US$ 485 milhões.


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