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Agência manda a Varig retomar vôos
Suspensão de rotas deixou centenas de passageiros sem voar e sem informação; empresa diz que retomará alguns vôos
Anac diz que clientes não atendidos devem guardar comprovantes para recorrer à Justiça e que a Varig tem de acomodar passageiros
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) decidiu obrigar a
Varig a retomar uma parte das
linhas para as quais tem concessão. A decisão ocorreu um
dia depois que os novos donos
da companhia anunciaram a
suspensão de todos os vôos,
com exceção da ponte aérea
Rio-São Paulo.
Ontem à noite, a Varig informou que foram mantidos os
vôos internacionais de ontem
para Frankfurt e Miami e, no
país, para Recife, Fernando de
Noronha, Fortaleza, Belém e
Foz do Iguaçu. Os vôos foram
escolhidos em razão da taxa de
ocupação dessas rotas.
A partir de hoje, além desses
destinos, a Varig disse que vai
operar para Londres e Nova
York. A operação de Miami e
Nova York continuará sendo
em dias alternados. Amanhã,
terá um vôo para Caracas e outro para Buenos Aires, que fará
escala em Porto Alegre.
Os vôos domésticos restabelecidos a partir de hoje são: Rio-Recife/Fernando de Noronha
(ida e volta); Rio (Galeão)/São
Paulo (Guarulhos)/Fortaleza
(ida e volta) e São Paulo/ Manaus, em dias alternados. Além
disso, estão mantidos os vôos
da ligação Rio (Santos Dumont)-São Paulo (Congonhas).
A suspensão dos vôos levou o
caos para os principais aeroportos do país e mesmo no exterior, deixando centenas de
passageiros sem voar, sem hospedagem e sem informações.
Ao contrário do que a nova
direção da Varig havia dito anteontem, muitos passageiros
encontraram dificuldades para
ter seus bilhetes aceitos pelas
demais companhias. Em período de férias, a maior parte está
com vôos lotados e só têm assentos em agosto.
Na diretoria da Anac, a decisão dos novos donos da Varig
foi avaliada como "um desrespeito aos clientes", e a agência
decidiu intervir. Um dos diretores, Jorge Velozo, passou o
dia reunido com a companhia.
A Varig foi vendida anteontem para a VarigLog, sua ex-subsidiária de transporte de
cargas. Os novos donos assumiram a aérea em crise aguda,
com pedidos de retomada de
aeronaves de praticamente todos os arrendadores.
A Varig operava com 13
aviões e optou por manter só 4
na ponte aérea. O objetivo era
pôr mais jatos na manutenção.
Na tarde de ontem, o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, afirmou que a agência não
aceitaria que a Varig operasse
somente a ponte aérea até o dia
28. Segundo Zuanazzi, a Anac
só foi informada da decisão da
Varig às 22h30 de anteontem,
embora um comunicado à imprensa tenha sido distribuído
por volta das 19h. Segundo a
agência, a Varig teria que retomar imediatamente os vôos.
Zuanazzi disse ainda que a
Varig tem obrigação de acomodar em hotéis os passageiros
que não conseguirem embarcar
e arcar com as despesas. Ele recomendou aos passageiros que
guardem comprovantes de gastos extras, como refeições, hospedagem e bilhetes, para procurar ressarcimento na Justiça.
Desde o dia 21 de junho, a Varig vinha operando em regime
de paralisação parcial, priorizando as rotas mais rentáveis.
No mercado doméstico, ela
voava para Rio, São Paulo, Belém, Brasília, Curitiba, Fernando de Noronha, Foz do Iguaçu,
Manaus, Natal, Porto Alegre,
Recife e Salvador. No mercado
internacional, mantinha vôos
para Aruba, Buenos Aires, Caracas, Copenhague, Frankfurt,
Lima, Londres, Miami, Nova
York, Santa Cruz de La Sierra e
Santiago do Chile.
A estratégia da empresa para
não perder as rotas que possui é
reforçar os compartilhamentos
de vôos com empresas como
TAP, Lufthansa, Air Canada e
United Airlines, membros da
Star Alliance, um acordo operacional entre companhias aéreas. "Essa é uma prática antiga
na empresa, a diferença é que
agora vamos precisar muito
mais dos aviões deles", afirmou
uma fonte da companhia.
A VarigLog arrematou a Varig em leilão por US$ 24 milhões (R$ 52,34 milhões) e se
comprometeu a cumprir obrigações e investimentos que somam US$ 485 milhões.
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