São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002

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Inadimplência cresce com atividade frouxa

DA REPORTAGEM LOCAL

De acordo com consultores, o que está levando os bancos a adotarem uma posição mais rigorosa na concessão de crédito é o aumento da inadimplência e, mais do que isso, a possibilidade de que se eleve com a desaceleração da atividade econômica.
"Em períodos de instabilidade e de risco de recessão, as instituições, com medo de tomar prejuízo, tendem a ficar mais conservadoras", explica o consultor Fábio Colombo, da Money Maker.
Conforme dados da Anefac, em média, a inadimplência (dívida vencida há mais de 90 dias e não paga) da pessoa física cresceu, nos últimos 12 meses, 43,64% e a da pessoa jurídica, 3,57%. Dependendo do tipo de crédito, esses percentuais são mais expressivos. O calote no cheque especial subiu 51,61% nos últimos 12 meses e o na conta garantida, 36,36%.
As consultas nas empresas que renegociam e auditam dívidas também aumentaram. No final de maio, a carteira de renegociação com bancos da HSA Soluções somava cerca de R$ 300 milhões. Agora, afirma o diretor Lazar Halfon, está em R$ 580 milhões.
Na MCA Economy, de cada dez clientes que procuram a empresa, oito estão interessados em fazer um levantamento sobre sua dívida bancária e se é possível renegociá-la. Há um ano, somente dois de cada dez clientes procuravam a empresa com esse objetivo.
Não pense, porém, que uma renegociação é fácil ou que é possível optar por uma saída jurídica. "Uma ação judicial para se livrar do aperto dos bancos costuma ser complicada. A empresa corre o risco de ficar sem capital de giro e, consequentemente, quebrar ", observa Rodrigo Moratelli, da MCA Economy.
A restrição nos bancos, observa Miguel Ribeiro de Oliveira, da Anefac, não significa que os bancos tenham diminuído a quantia de dinheiro disponível. As instituições estão apenas mais seletivas e lentas no momento de aprovar um empréstimo. No primeiro semestre do ano passado, o volume de crédito cresceu 15,5%, enquanto no mesmo período deste ano a alta foi de apenas 6,29%.
No final de junho de 2002, o volume total de recursos emprestados para empresas era de R$ 130,5 bilhões e para pessoa física, de R$ 76,5 bilhões.


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