São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002

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INVESTIMENTOS

Resgates de aplicações voltaram a aumentar na segunda-feira

Fundos têm rendimento maior, saques continuam

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os resgates das aplicações em fundos DI voltaram a crescer na segunda-feira, enquanto nos de renda fixa caíram quase pela metade em relação ao movimento da sexta-feira. A informação é do site Fortuna, com base nos últimos dados registrados pela Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
Ontem, segundo gestores ouvidos pela Folha, o movimento de resgates nas duas categorias de fundos continuava em queda em consequência das medidas anunciadas pelo Banco Central, na semana passada, para diminuir a oscilação dos ganhos nos fundos e a fuga dos investidores.
Na Caixa Econômica Federal, os saques foram 50% inferiores aos registrados na terça-feira, segundo Wilson Risolia, diretor de ativos de terceiros da CEF.
Em alguns casos, como o do HSBC Brain, a captação chegou a ficar positiva. "Desde maio, tivemos poucos dias em que as aplicações superaram os resgates", diz Renato Ramos, diretor de renda fixa do HSBC Brain.
Esse movimento, porém, só vai aparecer nos números da Anbid dentro de dois dias, prazo para contabilizar as informações do mercado.
Os dados já divulgados mostram que a captação líquida (aplicações menos resgates) nos DI, na segunda-feira, foi negativa em R$ 129 milhões. Na sexta-feira os resgates totalizaram R$ 22,1 milhões. De junho até o dia 15, quando saiu o pacote de medidas do BC, os DI perdiam, em média, R$ 363,3 milhões por dia com os saques.
Nos fundos de renda fixa, os resgates totalizaram R$ 106,3 milhões na segunda-feira, enquanto na sexta-feira chegaram a R$ 249,9 milhões. A média diária de resgates nesses fundos, antes do pacote, era de R$ 463,4 milhões.
Segundo Marcelo Giufrida, vice-presidente da Anbid, a rentabilidade diária dos fundos DI vem melhorando dia a dia desde o pacote de medidas do BC anunciado no último dia 14. Na segunda-feira, os DI renderam, em média, 0,07% e os renda fixa, 0,10%. Apenas um apresentou cota com variação negativa (leia quadro).
No dia 14, o BC anunciou que passaria a fazer leilões de recompra e de troca de LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), os principais títulos públicos das carteiras dos fundos.
Também tornou opcional a marcação a mercado, a contabilidade dos títulos que compõem a carteira dos fundos pelo seu valor diário no mercado secundário. Agora, parte dos títulos pode ser contabilizada de acordo com a taxa de juros embutida no papel.
Já na sexta-feira o BC trocou LFTs que venciam de 2003 a 2006 por outras de vencimento neste ano; na segunda-feira, e novamente ontem, recomprou papéis de 2002. O resultado dessas intervenções foi o encurtamento do deságio (desconto) nas LFTs no mercado secundário, melhorando a rentabilidade dos fundos.
No último dia 13, véspera do pacote do BC, as LFTs com vencimento em 2002 eram negociadas com deságio de 0,39% . No dia 19, o desconto caiu para 0,18% a 0,20%, dependendo do mês de vencimento do papel. As LFTs de 2003 eram negociadas com deságio entre 2,56% e 2,60%, que caiu para a faixa de 2,22% a 2,29% no mesmo período.
Para Risolia, se os fundos continuarem com rendimento positivo, em 15 a 20 dias o movimento de saques será contido. "Se houver um retorno constante, voltará a confiança do investidor", diz.
Para Jorge Simino, do Unibanco Asset Management, é difícil atribuir a fuga do investidor apenas à oscilação das cotas que vinha ocorrendo desde maio. "Em junho, os fundos tiveram boa rentabilidade, e os saques cresceram."


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