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Remessa de dólar cresce 67% no ano
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As remessas de dólares feitas para o exterior por meio das contas CC-5 neste ano, até o dia 15 de agosto, já chegaram a US$ 5,11 bilhões, segundo dados do Banco Central. O valor é 67% maior do que os US$ 3,05 bilhões que deixaram o país por meio desse instrumento no mesmo período do ano passado.
Nos primeiros 15 dias deste mês, US$ 637 milhões foram enviados para fora pelas CC-5. No mesmo período de 2001, as saídas somaram apenas US$ 44 milhões.
As CC-5 são contas, em dólar, mantidas no Brasil por pessoas ou empresas residentes ou instaladas no exterior. Em momentos de crise, são o instrumento mais usado para enviar recursos para fora do país, pois não é preciso explicar ao BC os motivos das remessas. Basta que os envolvidos na transação
sejam identificados para que o dinheiro possa, eventualmente, ser
rastreado. Pelos instrumentos
tradicionais, é preciso informar
ao BC os motivos da remessa
-pagamento de parcelas da dívida externa, remessa de lucros e dividendos, pagamento por importações, entre outros.
Apesar do aumento nas remessas feitas neste ano, o envio de dólares para o exterior dá sinais de
estabilidade -ainda que num nível elevado. Os US$ 637 milhões
enviados para fora nos primeiros
15 dias deste mês estão abaixo dos
US$ 690 milhões que deixaram o
país em igual período de julho.
Nas demais operações cambiais, também se nota estabilidade. As transações denominadas
pelo BC de financeiras (como o
ingresso de investimento estrangeiro direto, as remessas de lucros
e os pagamentos de juros) foram
responsáveis pela saída de
US$ 885 milhões nos primeiros 15
dias do mês. Em julho, foram
US$ 878 milhões.
Grande parte das saídas de dólares por meio de operações financeiras refere-se ao pagamento de
dívidas do setor privado contraídas no exterior. Muitas empresas
estão enfrentando dificuldade para renovar seus compromissos
devido à desconfiança do mercado em relação aos rumos da economia brasileira.
A estabilidade na remessa de
dólares pode ser efeito do novo
acordo fechado há duas semanas
com o FMI, que deu ao Brasil
acesso a uma linha de crédito total
de US$ 30 bilhões, dividida em várias parcelas.
No mês passado, as remessas de
dólares pelas contas CC-5 ficaram
em US$ 1,249 bilhão, o dobro dos
US$ 605 milhões registrados em
junho e quase quatro vezes mais
que os US$ 359 milhões remetidos em julho de 2001, conforme
os dados do BC.
Em momentos de instabilidade,
pessoas e empresas enviam dinheiro para fora do Brasil para
proteger seus investimentos. Em
dezembro passado, quando a crise argentina se agravou, US$ 1,357
bilhão foi remetido para o exterior por meio das contas CC-5.
Assim como tem ocorrido nos
últimos meses, as remessas de dinheiro para o exterior foram
compensadas, neste mês, pelos
dólares trazidos ao país pelos exportadores. Nas primeiras duas
semanas de agosto, houve ingresso de US$ 1,21 bilhão por meio de
operações de comércio. O valor é duas vezes maior que o registrado
no mesmo período de 2001. (NEY HAYASHI DA CRUZ)
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