São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002

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ACORDO

Custos do incentivo ao uso de carro a álcool no Brasil seriam trocados por uma cota maior de emissão de poluentes

Alemanha vai pagar conta do novo Proálcool

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Alemanha vai pagar a conta dos subsídios que o governo brasileiro vai oferecer para estimular o uso de carros a álcool no país em troca de uma cota maior de emissão de gases poluentes.
O negócio é permitido pelo pacto de Kyoto, que prevê a redução da emissão de CO2 (gás carbônico), que provoca o efeito estufa.
Na prática, o projeto, ainda em estudo, vai permitir que os alemães comprem do Brasil uma cota do direito de poluir o ambiente. Em termos econômicos, o Brasil ganha com o negócio porque aumenta a viabilidade do projeto do governo de reativar a indústria do álcool como combustível.
O governo trabalha para que o acerto com a Alemanha seja anunciado durante a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), que começa no dia 24, em Johannesburgo, na África do Sul.
A idéia é que o Brasil produza 100 mil carros com motores a álcool, combustível renovável e menos poluente que a gasolina. Como incentivo, o governo isentaria a cobrança do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). A redução do preço para o consumidor seria repassada na forma de um bônus de R$ 1.000,00. Os R$ 100 milhões que o governo deixaria de arrecadar seriam reembolsados pelo governo alemão.
A vantagem da Alemanha é que, ao estimularem outros países a reduzirem sua emissão de gás, os países ricos ganham créditos que servem para aliviar a meta de redução de CO2, conforme prevê o protocolo de Kyoto.
Como país em desenvolvimento, o Brasil não tem meta para reduzir a emissão de CO2, ao contrário dos países desenvolvidos. Mas sua economia na emissão do gás pode ser negociada com países que possuem metas, uma forma de comércio de carbono.
Mas o acordo com os alemães só vai sair do papel se o Brasil realmente reativar a indústria do álcool-combustível. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, essa decisão depende de garantias que o governo tenta obter de toda a cadeia produtiva do produto.
O governo quer ter certeza de que não faltará combustível. A indústria automobilística teme que a cana-de-açúcar seja utilizada para produzir açúcar e não álcool, dependendo das oscilações de preços no mercado internacional.


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