São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

bastidores

Para Lula, Petrobras inibe projeto social

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Lula avalia que um modelo de exploração do pré-sal concentrado na Petrobras dificultaria a execução de sua idéia de usar os recursos para "reparações históricas", como investimento maciço em educação e no combate à pobreza. Daí sua decisão de criar uma estatal para administrar as reservas do pré-sal que ainda não foram leiloadas, como antecipou anteontem a Folha.
Um ministro de Lula diz que os interesses do governo muitas vezes se chocam com os da Petrobras, uma estatal de capital misto (público e privado) cujo presidente é indicado por Lula, mas que deve satisfações a seus acionistas.
Exemplo de choque de interesse e de tensão entre Lula e a Petrobras que reforça, na opinião do governo, a necessidade de uma nova estatal. No primeiro mandato, Lula comprou uma briga com a direção da Petrobras para que a empresa encomendasse plataformas da indústria naval brasileira.
A Petrobras argumentava que seria mais barato e mais rápido adquirir as plataformas no exterior. Lula queria reestimular a indústria naval no Rio de Janeiro. Hoje, diz um ministro, o setor se fortaleceu graças à Petrobras.
Lula também teve embates para convencer a Petrobras a investir mais em álcool e no biodiesel.
No mais recente embate, mandou a Petrobras suspender a venda de uma mina de potássio a uma empresa canadense. Ficou contrariado por não ter sido comunicado.
Para Lula, uma nova estatal, apenas com capital público, dará ao governo mais flexibilidade para aplicar os recursos do pré-sal em políticas públicas.
No Planalto, a tensão entre a Petrobras e o governo é classificada como rotineira e normal. O presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, defende os interesses da Petrobras, mas tem um limite para esticar a corda porque é nomeado por Lula. Além do mais, é petista.
O governo acredita que não sofrerá contestação judicial séria às novas regras de exploração do petróleo se mantiver o respeito aos contratos já estabelecidos.
(KENNEDY ALENCAR)



Texto Anterior: Mudanças na regulação provocam "racha" na Petrobras
Próximo Texto: Estados se unem contra mudanças
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.