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bastidores
Para Lula, Petrobras inibe projeto social
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Lula avalia
que um modelo de exploração do pré-sal concentrado na Petrobras dificultaria a execução de sua
idéia de usar os recursos
para "reparações históricas", como investimento
maciço em educação e no
combate à pobreza. Daí
sua decisão de criar uma
estatal para administrar as
reservas do pré-sal que
ainda não foram leiloadas,
como antecipou anteontem a Folha.
Um ministro de Lula diz
que os interesses do governo muitas vezes se chocam com os da Petrobras,
uma estatal de capital
misto (público e privado)
cujo presidente é indicado
por Lula, mas que deve satisfações a seus acionistas.
Exemplo de choque de
interesse e de tensão entre
Lula e a Petrobras que reforça, na opinião do governo, a necessidade de uma
nova estatal. No primeiro
mandato, Lula comprou
uma briga com a direção
da Petrobras para que a
empresa encomendasse
plataformas da indústria
naval brasileira.
A Petrobras argumentava que seria mais barato e
mais rápido adquirir as
plataformas no exterior.
Lula queria reestimular a
indústria naval no Rio de
Janeiro. Hoje, diz um ministro, o setor se fortaleceu graças à Petrobras.
Lula também teve embates para convencer a Petrobras a investir mais em
álcool e no biodiesel.
No mais recente embate, mandou a Petrobras
suspender a venda de uma
mina de potássio a uma
empresa canadense. Ficou
contrariado por não ter sido comunicado.
Para Lula, uma nova estatal, apenas com capital
público, dará ao governo
mais flexibilidade para
aplicar os recursos do pré-sal em políticas públicas.
No Planalto, a tensão
entre a Petrobras e o governo é classificada como
rotineira e normal. O presidente da empresa, José
Sergio Gabrielli, defende
os interesses da Petrobras,
mas tem um limite para
esticar a corda porque é
nomeado por Lula. Além
do mais, é petista.
O governo acredita que
não sofrerá contestação
judicial séria às novas regras de exploração do petróleo se mantiver o respeito aos contratos já estabelecidos.
(KENNEDY ALENCAR)
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