São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2008

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Desemprego avança para 8,1% em julho

Apesar da alta, foi o melhor resultado para o mês desde 2002, diz o IBGE; resultado contraria tendência dos últimos anos

Comércio de São Paulo corta 73 mil vagas; desempenho pode ser o primeiro sinal de desaceleração no mercado de trabalho, dizem analistas


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A taxa de desemprego medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) subiu para 8,1% em julho. No mês anterior, o indicador havia ficado em 7,8%. Apesar do aumento da taxa, o instituto avalia que a variação não é significativa estatisticamente. O resultado foi o melhor para o mês de julho desde 2002, início da série histórica.
Segundo o IBGE, o atual desempenho do mercado de trabalho está contrariando o comportamento verificado nos últimos anos, quando a taxa subia no começo do ano e começava a recuar no segundo semestre. Em 2008, o desemprego começou a cair ainda nos primeiros meses.
"O mercado de trabalho está passando por um processo de transição que não segue a série histórica. Podemos estar diante de um ajuste, mas ainda é cedo para saber se o resultado configura uma piora. É preciso esperar mais um ou dois meses para verificar se o cenário de alta dos juros e da inflação está afetando o comportamento do mercado de trabalho", disse Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego.
Para Fábio Romão, da LCA Consultores, o resultado indica que o mercado deve continuar a melhorar neste semestre, mas em ritmo mais modesto. "Não significa deterioração, mas em julho o mercado pode ter chegado perto do limite. Há também a questão das expectativas para o próximo ano. O Banco Central está promovendo a elevação da taxa de juros, que terá "rebatimento" na atividade, o que só deverá ser percebido no fim deste ano e no começo do próximo", disse.
Na avaliação de Lauro Ramos, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), os efeitos da política monetária sobre o mercado de trabalho tendem a ser suaves. "O mercado de trabalho responde com uma certa inércia a mudanças no cenário macroeconômico. O endurecimento da política monetária é inegável, mas não foi tão grande", disse.
Um sinal de alerta para os próximos meses foi o desempenho do comércio em São Paulo, com queda de 4,1% e a redução de 73 mil vagas em julho. Segundo Lygia Cesar, da MCM Consultores, a redução de vagas está ligada à dispensa de trabalhadores de menor qualificação. "Custa menos para a empresa demitir nesse caso."

Rendimento estável
O rendimento médio ficou estável na comparação com junho, em R$ 1.224,40. Na comparação com julho do ano passado, houve alta de 3%. Apesar da recuperação, o rendimento do trabalhador ainda é 6,2% menor do que o registrado em julho de 2002, de R$ 1.305,70.
O ritmo menor da inflação em julho contribuiu para a estabilidade no rendimento, segundo o IBGE.


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