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Desemprego avança para 8,1% em julho
Apesar da alta, foi o melhor resultado para o mês desde 2002, diz o IBGE; resultado contraria tendência dos últimos anos
Comércio de São Paulo corta 73 mil vagas; desempenho pode ser o primeiro sinal de
desaceleração no mercado
de trabalho, dizem analistas
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A taxa de desemprego medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
subiu para 8,1% em julho. No
mês anterior, o indicador havia
ficado em 7,8%. Apesar do aumento da taxa, o instituto avalia que a variação não é significativa estatisticamente. O resultado foi o melhor para o mês
de julho desde 2002, início da
série histórica.
Segundo o IBGE, o atual desempenho do mercado de trabalho está contrariando o comportamento verificado nos últimos anos, quando a taxa subia
no começo do ano e começava a
recuar no segundo semestre.
Em 2008, o desemprego começou a cair ainda nos primeiros
meses.
"O mercado de trabalho está
passando por um processo de
transição que não segue a série
histórica. Podemos estar diante
de um ajuste, mas ainda é cedo
para saber se o resultado configura uma piora. É preciso esperar mais um ou dois meses para
verificar se o cenário de alta dos
juros e da inflação está afetando o comportamento do mercado de trabalho", disse Cimar
Azeredo Pereira, gerente da
Pesquisa Mensal de Emprego.
Para Fábio Romão, da LCA
Consultores, o resultado indica
que o mercado deve continuar
a melhorar neste semestre,
mas em ritmo mais modesto.
"Não significa deterioração,
mas em julho o mercado pode
ter chegado perto do limite. Há
também a questão das expectativas para o próximo ano. O
Banco Central está promovendo a elevação da taxa de juros,
que terá "rebatimento" na atividade, o que só deverá ser percebido no fim deste ano e no começo do próximo", disse.
Na avaliação de Lauro Ramos, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), os
efeitos da política monetária
sobre o mercado de trabalho
tendem a ser suaves. "O mercado de trabalho responde com
uma certa inércia a mudanças
no cenário macroeconômico. O
endurecimento da política monetária é inegável, mas não foi
tão grande", disse.
Um sinal de alerta para os
próximos meses foi o desempenho do comércio em São Paulo,
com queda de 4,1% e a redução
de 73 mil vagas em julho. Segundo Lygia Cesar, da MCM
Consultores, a redução de vagas está ligada à dispensa de
trabalhadores de menor qualificação. "Custa menos para a
empresa demitir nesse caso."
Rendimento estável
O rendimento médio ficou
estável na comparação com junho, em R$ 1.224,40. Na comparação com julho do ano passado, houve alta de 3%. Apesar
da recuperação, o rendimento
do trabalhador ainda é 6,2%
menor do que o registrado em
julho de 2002, de R$ 1.305,70.
O ritmo menor da inflação
em julho contribuiu para a estabilidade no rendimento, segundo o IBGE.
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