São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Esforço" será em 2004, afirma Dirceu

JULIA DUAILIBI
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro José Dirceu (Casa Civil) descartou ontem a possibilidade de aumento da meta de superávit primário para os próximos dois anos. De acordo com o ministro, o "esforço" fiscal que o governo estuda fazer deve ocorrer ainda em 2004 e tem como objetivo evitar que o Brasil passe por novas "turbulências".
"O superávit está definido para os próximos anos em 4,25%. Não se trata de aumentar o superávit fiscal para 2005 e 2006. Trata-se do Orçamento deste ano", declarou ontem Dirceu, no Palácio do Planalto, após conceder entrevista sobre a criação do Fórum das Estatais pela Educação.
Apesar da declaração pública de Dirceu, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, discute com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a elevação da meta de superávit primário para 2005 e daí em diante. Elevar o superávit primário seria alternativa para impedir ou atenuar novos aumentos da taxa de juros. Detalhe: para este ano, Palocci já trabalha informalmente com uma meta de superávit maior. Os debates, portanto, envolvem a oficialização ou não dessa meta neste ano e o aumento nos próximos. Dirceu afirmou: "Não está se propondo nenhum corte de investimento. Está se propondo, se necessário, ter um ajuste fiscal para além dos 4,25%". "No ano que vem, não [será alterada a meta]."
A redução dos gastos públicos e o aumento dos juros são dois mecanismos que contribuem para frear a atividade econômica e, dessa forma, a inflação. Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou o aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros. Há expectativa de novas altas porque o Copom disse que dera início a um processo de ajuste dos juros.
"O ministro Palocci e eu já colocamos [a possibilidade de aumento] para que o país possa não sofrer outras turbulências. Não há mudança no superávit fiscal para os próximos anos", disse Dirceu em referência às declarações de anteontem feitas por ambos, quando sinalizaram com a possibilidade de aumento da meta.
Dirceu afirmou ainda que será o presidente que decidirá de que forma será feito esse novo "esforço". "Neste ano nós já temos uma folga no superávit que garante os investimentos todos que foram programados", declarou.


Texto Anterior: Receita ortodoxa: Meta fiscal maior desagrada a setor produtivo
Próximo Texto: Investigação: Opportunity enfrenta julgamento na CVM
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.