São Paulo, terça-feira, 22 de setembro de 2009

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Para FMI, banco deve bancar risco em empréstimos

DE NOVA YORK

O FMI (Fundo Monetário Internacional) qualificou ontem como "crítica" para sustentar a atual recuperação econômica a volta das operações do mercado de securitização -que foi um dos principais detonadores da atual crise financeira, iniciada em setembro de 2008.
O Fundo disse também que propostas "draconianas" para regular esse mercado podem acabar eliminando um poderoso meio de geração de crédito e riquezas ao redor do mundo.
A securitização ocorre quando os bancos "empacotam" milhares de dívidas de consumidores (imobiliárias, para compra de veículos etc.) em um único produto e o vendem para um investidor. A remuneração de quem compra o papel virá das prestações que o consumidor estiver pagando.
Já o banco que securitizou a dívida dos consumidores praticamente nunca fica com uma parte da aplicação. Mas recebe uma tarifa por ter juntado as dívidas em um produto que depois acabou vendendo a terceiros.
Os bancos praticamente não correm risco com o negócio. Por isso, antes da crise eles acabaram "empacotando" dívidas de consumidores que não tinham condições de pagar os empréstimos que haviam tomado. Quando os calotes começaram, os investidores viram suas aplicações derreter.
Antes do colapso desse mercado, ele chegou a responder por entre 20% e 60% do "funding" (capital) que os bancos levantavam para conceder financiamentos a novos mutuários em países como Estados Unidos, União Europeia e Japão.
Para o FMI, a imposição de grandes restrições às operações pode "matar" esse mercado em vez de controlá-lo.

Parte com o banco
Uma das ideias das autoridades regulatórias nos Estados Unidos, por exemplo, é exigir que o banco fique com uma parte dos papéis securitizados.
É que, dessa forma, o banco seria mais cauteloso ao analisar qual tipo de dívida está "empacotando" para vender aos investidores. Pois, se o papel for arriscado, o banco também pode perder dinheiro.
O FMI considera que se esse percentual a ser mantido com o banco for muito elevado, eles simplesmente podem desistir dessas operações. Já o mercado como um todo, ficaria com menos "funding" para gerar novos financiamentos.
"As novas políticas [para o mercado] não devem fazer com que ele volte à "octanagem" do passado, mas que seja sustentável", diz o FMI.
Na opinião do Fundo, será preciso encontrar um "meio--termo" para que os bancos que trabalham com a securitização mantenham "a própria pele no jogo" a fim de evitar os exageros cometidos no passado.
O FMI também cobrou mais transparência das agências de classificação de risco (que avaliavam a segurança desses papéis). Mas, assim como os bancos, elas também ganhavam tarifas para fazer isso, sem se comprometer com eventuais perdas de investidores. (FCZ)


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