São Paulo, Sexta-feira, 22 de Outubro de 1999
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CÂMBIO

Brasil negocia com o FMI fim da regra para intervenção no dólar

Governo quer flexibilizar piso para reservas do BC

da Sucursal de Brasília

O governo está negociando com o FMI (Fundo Monetário Internacional) uma flexibilização nas regras de intervenção no mercado de câmbio e também na definição do piso das reservas em dólar do Banco Central.
A idéia é não incluir na revisão do acordo nenhuma regra de intervenção no câmbio em 2000.
A regra atual, definida na última revisão do acordo com o Fundo Monetário Internacional, prevê um um piso para as reservas cambiais líquidas, ou seja, sem contar os recursos emprestados por organismos internacionais em razão do acordo com o FMI.
O piso varia a cada mês -neste, o piso é de US$ 22,2 bilhões.
Como as reservas líquidas estão na casa dos US$ 23,3 bilhões, o Banco Central tem tido pouca margem para intervir no mercado vendendo dólares para impedir pressões sobre a cotação da moeda norte-americana.
Ao negociar uma nova regra com o FMI, o governo quer ter mais liberdade para definir como intervir no câmbio.

Negociação termina hoje
Ontem, os técnicos da missão do FMI que está no Brasil tiveram reunião com diretores do Banco Central para discutir o assunto.
Apesar das mudanças, o governo brasileiro sabe que haverá um piso de reservas a ser fixado como critério de desempenho no acordo e que, se não for cumprido, acarretará punições.
Tudo indica que as negociações com a missão do FMI que está no Brasil terminam hoje, mas não deverá ser divulgado nenhum documento porque o relatório, que será examinado pela direção do Fundo na última semana de novembro, ainda poderá passar por ajustes nas próximas semanas.
No caso da política cambial, a equipe econômica avalia que não há necessidade de definir no acordo com o FMI uma nova regra.
A previsão do governo é que o comportamento da balança comercial mude no próximo ano, quando se espera um superávit comercial próximo de US$ 6 bilhões, o que reduz as pressões sobre o câmbio.
Também se espera um aumento no fluxo de capitais estrangeiros para o Brasil, que também contribuiria para aumentar a oferta de dólares.
Se isso acontecer, poderá ocorrer uma queda na cotação do dólar para algo entre R$ 1,90 e R$ 1,95, em média, no primeiro trimestre do próximo ano.
Com relação a este ano, as negociações com os técnicos do FMI indicam que o país não terá problemas para cumprir as metas negociadas. Devem ser alteradas algumas previsões no cenário econômico com base nos indicadores mais recentes. É o caso, por exemplo, do superávit comercial esperado para este ano.
Na última revisão foi projetado um superávit de US$ 3,7 bilhões para 99, mas, pelas previsões mais otimistas, haveria no máximo um equilíbrio. Nas contas mais pessimistas, o país pode fechar este ano com um déficit próximo de US$ 1 bilhão.


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