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COPOM
Segundo estudos, crescimento é retomado até três meses após início de reduções
Economia brasileira reage rápido a cortes nos juros
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A economia brasileira reage rápido e fortemente à queda da taxa
de juros. Estudos do ABN Amro
Asset Management e do Instituto
de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
mostram que, desde 1995, por
quatro vezes, o crescimento foi retomado num prazo que variou de
um a três meses após iniciado o
afrouxamento da política monetária. Em outros países, esse prazo
é de seis meses, em média.
A produção industrial, naquelas
ocasiões, cresceu acima de 6% no
primeiro trimestre posterior ao
início do recuo dos juros, segundo os estudos. Essa característica
do país deverá balizar a decisão
do Copom (Comitê de Política
Monetária do Banco Central) hoje, quando é definida a nova taxa
básica de juros, a Selic, até ontem
em 20% ao ano.
"Desde junho o BC fez uma redução grande na Selic, de seis
pontos percentuais, e não poderá
cortar muito agora. Terá de ir monitorando a resposta da economia, para evitar explosão de consumo e recuperação acelerada de
preços", diz Hugo Penteado, economista-chefe do ABN Amro Asset Management.
Segundo Penteado, em 1995 a
produção industrial começou a
reagir três meses após o afrouxamento dos juros. Em junho, o primeiro trimestre de retomada
mostrou expansão de 6%. Em dezembro de 1997, dois meses após
o início do corte dos juros, a produção industrial aumentou 6,4%
no trimestre. Em 1999, a expansão
começou no mês seguinte à redução dos juros e em abril registrou
crescimento trimestral de 5,9%.
Finalmente, em novembro de
2001, um mês após o corte dos juros, a indústria reativou as máquinas e, ao cabo de três meses, acumulava um crescimento de
10,25%. "O efeito foi maior devido
ao fim do racionamento de energia", observa Penteado.
Neste ano, pela quinta vez, a resposta da economia à redução de
juros veio rápida: a produção industrial começou a reagir em julho (alta de 0,9%), confirmando o
movimento em agosto (1,5%). O
primeiro corte nos juros ocorreu
em junho.
O estudo da UFRJ aponta o
mesmo movimento da indústria
após os cortes feitos na taxa básica. "Os efeitos benéficos da redução dos juros sobre a atividade
econômica devem-se ao fato de
que a produção reage aos juros futuros, que antecipam a tendência
de queda da Selic", diz Caio Prates, economista da UFRJ.
Segundo Penteado, a flutuação
da taxa real de juros (descontada
a inflação) e da produção industrial confirma a correlação entre
os dois indicadores (veja gráfico).
Quando o juro sobe, a produção
despenca, e vice-versa. " O papel
do BC é calibrar esses movimentos e evitar o estouro do consumo,
após 15 meses de retração", diz.
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