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São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2003

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COPOM

Segundo estudos, crescimento é retomado até três meses após início de reduções

Economia brasileira reage rápido a cortes nos juros

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A economia brasileira reage rápido e fortemente à queda da taxa de juros. Estudos do ABN Amro Asset Management e do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) mostram que, desde 1995, por quatro vezes, o crescimento foi retomado num prazo que variou de um a três meses após iniciado o afrouxamento da política monetária. Em outros países, esse prazo é de seis meses, em média.
A produção industrial, naquelas ocasiões, cresceu acima de 6% no primeiro trimestre posterior ao início do recuo dos juros, segundo os estudos. Essa característica do país deverá balizar a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) hoje, quando é definida a nova taxa básica de juros, a Selic, até ontem em 20% ao ano.
"Desde junho o BC fez uma redução grande na Selic, de seis pontos percentuais, e não poderá cortar muito agora. Terá de ir monitorando a resposta da economia, para evitar explosão de consumo e recuperação acelerada de preços", diz Hugo Penteado, economista-chefe do ABN Amro Asset Management.
Segundo Penteado, em 1995 a produção industrial começou a reagir três meses após o afrouxamento dos juros. Em junho, o primeiro trimestre de retomada mostrou expansão de 6%. Em dezembro de 1997, dois meses após o início do corte dos juros, a produção industrial aumentou 6,4% no trimestre. Em 1999, a expansão começou no mês seguinte à redução dos juros e em abril registrou crescimento trimestral de 5,9%.
Finalmente, em novembro de 2001, um mês após o corte dos juros, a indústria reativou as máquinas e, ao cabo de três meses, acumulava um crescimento de 10,25%. "O efeito foi maior devido ao fim do racionamento de energia", observa Penteado.
Neste ano, pela quinta vez, a resposta da economia à redução de juros veio rápida: a produção industrial começou a reagir em julho (alta de 0,9%), confirmando o movimento em agosto (1,5%). O primeiro corte nos juros ocorreu em junho.
O estudo da UFRJ aponta o mesmo movimento da indústria após os cortes feitos na taxa básica. "Os efeitos benéficos da redução dos juros sobre a atividade econômica devem-se ao fato de que a produção reage aos juros futuros, que antecipam a tendência de queda da Selic", diz Caio Prates, economista da UFRJ.
Segundo Penteado, a flutuação da taxa real de juros (descontada a inflação) e da produção industrial confirma a correlação entre os dois indicadores (veja gráfico). Quando o juro sobe, a produção despenca, e vice-versa. " O papel do BC é calibrar esses movimentos e evitar o estouro do consumo, após 15 meses de retração", diz.


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