São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2008

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Ministro da Agricultura pede desculpas a Lula

Ele havia dito que presidente assinou decreto sem ler

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou irritado ontem ao tomar conhecimento da declaração dada um dia antes pelo ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) segundo a qual o petista teria assinado um decreto sem tê-lo lido.
A contrariedade do presidente, segundo a Folha apurou, chegou ontem pela manhã ao ministro da Agricultura que, por meio de um interlocutor, fez chegar ao presidente o seu pedido de desculpas.
Anteontem, em evento em Curitiba, Stephanes disse que Lula e o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) assinaram sem ler o decreto presidencial que trata da punição aos produtores rurais que não cumprirem a legislação ambiental.
"O problema é que ninguém leu. Eu disse isso ao ministro Minc quando ele mandou o decreto ao presidente: "Você não leu o decreto, o presidente não leu o decreto. Ninguém leu o decreto'", declarou Stephanes.
A declaração ocorreu em meio a críticas ao decreto 6.514 e ao Código Florestal. Publicado em julho passado, o decreto determina punições a fazendeiros que não conservem ou restaurem áreas de reserva.
Ontem, ao saber da irritação de Lula, Stephanes enviou um pedido de desculpas ao Planalto e disse que fez "uma declaração infeliz". O ministro é defensor de mudanças no Código Florestal, num coro com entidades como a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Ele tem dito que, dos cerca de 4,3 milhões de pequenas e médias propriedades do país, ao menos 3 milhões estão irregulares, se consideradas todas as leis ambientais.
Procurado ontem pela Folha, Stephanes disse que a frase foi dita dentro de um contexto em que a afirmação de que "ninguém leu" poderia ser entendida como "ninguém se ateve" a detalhes do decreto.
"Eu não seria irresponsável de criticar o presidente e o ministro Minc", disse Stephanes. "As minhas declarações não tiveram esse contexto. [...] Aquela frase, sozinha, cria um impacto fora do contexto."


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