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Redução de aperto fiscal divide governo
Congresso encampa proposta de elevar investimentos que são abatidos da meta de superávit, mas ministérios ainda divergem
Planejamento e Fazenda têm versões diferentes da proposta; Mantega e
seu secretário do Tesouro também discordam
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto o governo não
consegue definir sua agenda
econômica, o Congresso encampou abertamente a proposta de reduzir o aperto fiscal para ampliar investimentos e expôs a divisão da equipe econômica a respeito do tema.
A idéia, que até então se limitava às discussões internas do
Executivo, passou a ser defendida pelo relator do projeto de
Orçamento de 2007, senador
Valdir Raupp (PMDB-RO), independentemente da orientação do Palácio do Planalto
-mesmo porque não há, até o
momento, orientação.
Ainda ontem, questionados
sobre o tema, os ministérios do
Planejamento e da Fazenda
apresentaram visões e versões
divergentes. Na Fazenda, nem
o ministro Guido Mantega e
seu secretário do Tesouro Nacional falaram a mesma língua.
Raupp quer ampliar de 0,2%
para 0,5% do PIB os investimentos incluídos no PPI, o programa de investimentos lançado no ano passado cujas despesas são abatidas da meta oficial
de superávit primário (a parcela da arrecadação destinada ao
abatimento da dívida pública).
Ou seja, o senador quer elaborar o Orçamento com uma
meta de superávit reduzida de
4,25% para 3,75% do PIB. A folga, algo entre R$ 6,5 bilhões e
R$ 6,8 bilhões, seria utilizada
para elevar os investimentos.
Raupp fez o anúncio após encontro com o presidente da
Fiesp, Paulo Skaf. "Como conceito, está certo. No detalhe,
precisamos discutir", disse,
constrangido, Skaf -a proposta
vai contra a visão do empresariado, para quem a ampliação
do investimento público deve
ser financiada pela redução de
outras despesas do governo.
Para deputados e senadores,
que enfrentam dificuldades para fechar as contas do Orçamento, a saída veio a calhar. "O
presidente pediu ousadia", entusiasmou-se o presidente da
Comissão Mista de Orçamento,
deputado Gilmar Machado
(PT-MG). Segundo ele, a área
técnica do Executivo já abriu
caminho para uma ampliação
do PPI, mas para 0,3% do PIB.
Equipe rachada
Naquele momento, participavam de audiência na comissão os secretários do Tesouro
Nacional, Carlos Kawall, e do
Orçamento Federal, Ariosto
Culau. Inquirido sobre o PPI,
Kawall passou a palavra a Culau, que se limitou a confirmar
que o tema está em discussão.
Após a sessão, Culau, do Planejamento, acrescentou que a
margem de aumento do PPI depende da capacidade efetiva de
execução dos programas -ou
seja, a maior preocupação é saber quanto, de fato, o governo
consegue investir num ano.
Kawall, porém, disse nem sequer ter conhecimento de discussões sobre a medida -e foi
explícito ao se mostrar contrário à proposta. "Elevar investimento sacrificando superávit
primário não é benéfico."
Duas horas depois, Mantega
deu sua contribuição. "De fato
o governo está estudando a
possibilidade de aumentar o
PPI." Se o programa será usado
para reduzir o superávit, porém, o ministro disse não saber.
Colaboraram CLAUDIA DIANNI e LEANDRA PERES, da Sucursal de Brasília
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