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Arrecadação cresce com lucros, diz governo
Paulo Bernardo diz que empresas estão "bamburrando" de ganhar dinheiro e "Estado tem sua parcela" com os tributos
Ministro do Planejamento diz que governo ainda não decidiu onde gastará R$ 5 bi liberados após arrecadação acima do previsto no ano
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para justificar o forte aumento na arrecadação do governo
com a cobrança de tributos
neste ano, o ministro Paulo
Bernardo (Planejamento) creditou o resultado ao desempenho do setor produtivo. Segundo ele, "as empresas no Brasil
estão bamburrando de ganhar
dinheiro" e, portanto, "o Estado também tem sua parcela".
Bamburrar é uma expressão
usada no garimpo para um golpe de sorte, como a descoberta
de uma pedra de muito valor
que traz fortuna imediata.
Ao atrelar a alta arrecadação
ao desempenho das empresas,
o ministro deixa em segundo
plano a contribuição das pessoas físicas para engordar os
cofres públicos. De janeiro a
outubro, a arrecadação total do
governo federal cresceu 10,2%.
Enquanto os tributos e impostos pagos pelas empresas tiveram uma elevação que variou
de 7% (Cofins) a 1% (Imposto
de Importação). No período, o
Imposto de Renda pago pelas
pessoas físicas cresceu 41,5%.
"As pessoas estão ganhando
mais, e as empresas estão bamburrando de ganhar dinheiro.
Há poucos anos, tínhamos notícias que o sistema financeiro
ganhava muito. Hoje, o sistema
financeiro está ganhando e as
empresas do setor não financeiro estão ganhando muito",
disse ele.
Segundo o ministro, isso é
demonstrado em conversas
com empresários. "Quando a
gente fala com empresários
num ambiente mais restrito,
mais particularmente, eles admitem que nunca tiveram um
momento tão bom como hoje".
A arrecadação acima do previsto, afirmou ainda, foi um dos
motivos que permitiram ao ministério anunciar a liberação de
R$ 5 bilhões do Orçamento
deste ano que estavam bloqueados. A demanda dos ministérios por recursos é o dobro
disso. Caberá aos ministérios
do Planejamento e da Fazenda
fazerem a distribuição, disse.
Apesar do dinheiro extra em
caixa, o governo não tem conseguido investir nas suas prioridades. O PAC, um conjunto de
obras para estimular o crescimento da economia, continua
com baixa execução. Nos cálculos de Bernardo, que se reuniu
com o presidente Lula nesta semana para tratar do tema, só
R$ 5 bilhões, de um total de cerca de R$ 15 bilhões previstos
para 2007, foram gastos.
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