São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2008

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Banco bate recorde de desembolsos

DA SUCURSAL DO RIO

A escassez de crédito no setor privado está obrigando o BNDES a uma verdadeira "ginástica" para atender a todos os pedidos de socorro - o banco já vinha operando, mesmo antes do agravamento da crise, na capacidade máxima para desembolsos.
Até outubro, emprestou o volume recorde de R$ 71,5 bilhões -alta de 44% na comparação com o mesmo período de 2007. Com os pedidos dos últimos dois meses, a previsão é que chegue a R$ 90 bilhões neste ano.
Como as fontes de receitas são limitadas, a direção do BNDES tenta fechar a equação buscando recursos em organismos multilaterais, mas admite que, sem apoio do Tesouro Nacional -ou seja, do dinheiro que todos os brasileiros transferem ao Estado sob a forma de impostos-, não será possível manter o ritmo de desembolsos para as empresas.
Apenas nas últimas semanas, o governo federal anunciou uma linha de crédito de até R$ 3 bilhões a empreiteiras com obras do PAC, prioridade do segundo mandato de Lula.
O BNDES anunciou condições mais favoráveis para financiar as linhas de transmissão das usinas do rio Madeira. A saída será oferecer empréstimo-ponte até que o crédito definitivo seja aprovado, alongar prazos de pagamento e abrir nova linha para importações.
Sem isso, e com as construtoras assustadas com o tamanho da crise, o temor é que as usinas fiquem prontas, mas sem linhas para transmitir a energia.
No início do mês, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já havia anunciado um "megapacote" para ajudar empresas exportadoras: R$ 10 bilhões para capital de giro, pré-embarque (financiamento da produção do produto a ser exportado) e empréstimos-ponte.
O conjunto de medidas já abala o desempenho financeiro do BNDES, que teve lucro 29,7% menor no acumulado de janeiro a setembro deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Parte do resultado pode ser creditado à política de redução dos custos para financiamento, em queda desde 2006.
Nos últimos dias, até empresas de setores bem menos afetados pela crise bateram à porta do BNDES. Foi o caso de operadoras de telefonia, que solicitaram condições mais favoráveis -e novas linhas- para pagar as licenças de serviço celular 3G. O pedido foi negado.


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