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COMPENSAÇÃO
Setor viu exportações recuarem devido ao câmbio desfavorável
Governo amplia crédito a calçadista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Atingidos pela desaceleração
das exportações do setor devido
ao câmbio, empresários da área
calçadista e de couros saíram ontem da reunião com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva com três
das sete reivindicações atendidas
e a promessa de maior controle
das importações da China.
Os empresários obtiveram do
governo o ajuste de duas linhas de
crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Uma para pré-embarque de produtos, cujo custo de
financiamento é composto originalmente de 80% pela TJLP e 20%
de variação cambial, que passará,
para o setor, a 100% pela TJLP.
A outra linha é destinada a capital de giro e terminaria neste mês,
mas terá o prazo prorrogado por
seis meses para as empresas de
calçados e couro. São 18 meses de
carência e mais seis para o pagamento, com custo pela TJLP.
O setor estima que, somando as
duas linhas de financiamento, as
empresas precisariam de um teto
máximo de R$ 4 bilhões.
O terceiro pedido atendido foi a
criação de uma força-tarefa de
técnicos da Receita Federal para
agilizar a compensação de crédito
tributário das empresas decorrente da cobrança do PIS-Cofins.
"Isso nos dá um fôlego de capital. Mas ainda há as questões ligadas à competitividade, que passarão por estudos", disse ontem o
presidente da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de
Calçados), Elcio Jacometti.
Considerado um dos principais
setores de exportação, o couro-calçadista registrou uma queda de
11% no volume de embarque entre janeiro e novembro em comparação ao ano passado, o que representa 20,3 milhões de pares
que deixaram de ser vendidos ao
exterior. Além disso, a federação
dos trabalhadores na indústria
contabiliza cerca de 17,2 mil demissões neste ano somente no RS.
O setor atribui esse cenário à
desvalorização do dólar em relação ao real e à concorrência com
produtos chineses. "Chegam ao
país produtos a US$ 0,8, US$ 0,10,
o que não pagaria nem o cadarço", disse Jacometti.
Para tentar conter esse problema, o governo prometeu aos empresários estudar uma forma de
incluir todas as importações de
calçados vindas da China no chamado "canal cinza", ou seja, fiscalização completa da documentação, evitando operações ilegais
como o subfaturamento.
Na reunião no Palácio do Planalto, além de Lula e empresários
do setor, participaram os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil),
Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e o presidente do
BNDES, Guido Mantega.
Hoje, também haverá uma reunião no Rio de Janeiro em que
Brasil e Argentina devem discutir
a possibilidade de elevar a TEC
(Tarifa Externa Comum) aplicada
pelo Mercosul para 35% [valor
máximo autorizado pela OMC
(Organização Mundial do Comércio) para o caso do Brasil] para todos os tipos de calçado. Essa
medida é uma reivindicação do
setor.
(LUCIANA CONSTANTINO)
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