São Paulo, quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

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COMPENSAÇÃO

Setor viu exportações recuarem devido ao câmbio desfavorável

Governo amplia crédito a calçadista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Atingidos pela desaceleração das exportações do setor devido ao câmbio, empresários da área calçadista e de couros saíram ontem da reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com três das sete reivindicações atendidas e a promessa de maior controle das importações da China.
Os empresários obtiveram do governo o ajuste de duas linhas de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Uma para pré-embarque de produtos, cujo custo de financiamento é composto originalmente de 80% pela TJLP e 20% de variação cambial, que passará, para o setor, a 100% pela TJLP.
A outra linha é destinada a capital de giro e terminaria neste mês, mas terá o prazo prorrogado por seis meses para as empresas de calçados e couro. São 18 meses de carência e mais seis para o pagamento, com custo pela TJLP.
O setor estima que, somando as duas linhas de financiamento, as empresas precisariam de um teto máximo de R$ 4 bilhões.
O terceiro pedido atendido foi a criação de uma força-tarefa de técnicos da Receita Federal para agilizar a compensação de crédito tributário das empresas decorrente da cobrança do PIS-Cofins.
"Isso nos dá um fôlego de capital. Mas ainda há as questões ligadas à competitividade, que passarão por estudos", disse ontem o presidente da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados), Elcio Jacometti.
Considerado um dos principais setores de exportação, o couro-calçadista registrou uma queda de 11% no volume de embarque entre janeiro e novembro em comparação ao ano passado, o que representa 20,3 milhões de pares que deixaram de ser vendidos ao exterior. Além disso, a federação dos trabalhadores na indústria contabiliza cerca de 17,2 mil demissões neste ano somente no RS.
O setor atribui esse cenário à desvalorização do dólar em relação ao real e à concorrência com produtos chineses. "Chegam ao país produtos a US$ 0,8, US$ 0,10, o que não pagaria nem o cadarço", disse Jacometti.
Para tentar conter esse problema, o governo prometeu aos empresários estudar uma forma de incluir todas as importações de calçados vindas da China no chamado "canal cinza", ou seja, fiscalização completa da documentação, evitando operações ilegais como o subfaturamento.
Na reunião no Palácio do Planalto, além de Lula e empresários do setor, participaram os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e o presidente do BNDES, Guido Mantega.
Hoje, também haverá uma reunião no Rio de Janeiro em que Brasil e Argentina devem discutir a possibilidade de elevar a TEC (Tarifa Externa Comum) aplicada pelo Mercosul para 35% [valor máximo autorizado pela OMC (Organização Mundial do Comércio) para o caso do Brasil] para todos os tipos de calçado. Essa medida é uma reivindicação do setor. (LUCIANA CONSTANTINO)


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