|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CSN pode cortar 3.200; Vale propõe licença
Plano de siderúrgica prevê demissão de 20% dos funcionários, e decisão ainda depende do comportamento do mercado
Cerca de 19 mil funcionários podem ser atingidos pela proposta da Vale em MG
e em MS, de licença com
pagamento de 50% do salário
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
Em um sinal de agravamento
da crise, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), a segunda
maior siderúrgica brasileira em
aços planos, já tem pronto na
gaveta um plano de demitir
3.200 funcionários. Esse montante corresponde a nada menos do que 20% do total de 16
mil funcionários da empresa. A
decisão de ter em mãos esse
plano de emergência foi tomada pela diretoria na semana
passada.
Já a Vale propôs ontem aos
sindicatos de trabalhadores
nos Estados de Minas Gerais e
Mato Grosso do Sul a entrada
em licença remunerada até o
fim de maio, com corte de metade de seu salário. Pela proposta, os funcionários ficam em
casa, recebem no mínimo R$
856 e têm preservados os seus
benefícios.
De imediato, a CSN decidiu
cortar 300 funcionários nesta
semana. As demissões se iniciaram ontem. Somadas aos 200
que foram afastados em dezembro, as demissões na companhia já chegam a 500.
Além desses cortes, a CSN
também decidiu conceder mais
dez dias de férias coletivas a
3.500 empregados da Usina
Presidente Vargas, em Volta
Redonda. O montante corresponde a um terço do total de 10
mil funcionários que trabalham na usina. Em dezembro, a
empresa já havia concedido 20
dias de férias coletivas a esses
3.500 empregados.
A CSN ainda não tomou a decisão se irá ou não levar adiante
o plano de cortar 20% de seu
contingente. A empresa quer
esperar mais um pouco para
ver como o mercado internacional reage nos próximos dias
antes de bater o martelo. Nos
últimos meses, os pedidos à
empresa caíram significativamente.
Licença remunerada
"A Vale continua trabalhando para evitar o máximo possível as demissões", afirmou em
Brasília o presidente da Vale,
Roger Agnelli, após encontro
com o ministro da Fazenda,
Guido Mantega. "Não queremos demitir. Precisamos passar por um período, que eu espero que seja curto, para voltar
a crescer."
A Vale diz que os sindicatos
que aceitarem a proposta terão
garantidos os empregos de seus
afiliados até 31 de maio. Depois
disso, diz a empresa, vai depender das condições de mercado.
Os sindicatos que não aderirem
não terão empregos garantidos.
Desde o aprofundamento da
crise econômica, a Vale anunciou a demissão de 1.300 funcionários e a concessão de férias coletivas a outros 5.500. Os
afastamentos ocorreram, basicamente, nas unidades em Minas Gerais e no Rio. A produção
foi reduzida em 30 milhões de
toneladas, ou 9% do total.
A empresa não disse quanto
pretende economizar com a licença remunerada. Cerca de 19
mil trabalhadores de cinco sindicatos mineiros e 345 do sindicato em Mato Grosso do Sul
podem ser atingidos.
Quatro dos seis sindicatos,
que representam cerca de 14
mil trabalhadores, já aceitaram
a proposta. Mas a empresa só
recorrerá à medida se, após o
fim das férias coletivas, em fevereiro, o mercado ainda estiver fraco.
"A licença é um mal necessário. Melhor garantir o emprego
até maio do que não ter garantia nenhuma. Até lá, a situação
deve melhorar", diz José Horta,
presidente do Sindicato dos
Trabalhadores em Mineração
de Mariana. Os sindicatos de
Itabira e Congonhas, que representam 5.000 trabalhadores, ainda avaliam a proposta.
Texto Anterior: Projetos terão de manter empregos, afirma Mantega Próximo Texto: Mineradora vai pagar US$ 2,5 bi a acionistas Índice
|