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Empresa evita demitir para não irritar o governo
DA SUCURSAL DO RIO
Das três maiores mineradoras do mundo, a Vale é a
que menos tem recorrido a
demissões como medida para cortar custos. A Folha
apurou que existe, dentro da
empresa, preocupação em
resistir ao máximo à dispensa de pessoal para evitar desgastes com o governo. Como
alternativa, a empresa vem
atacando as "gorduras internas" para superar a crise.
Entre os acionistas da Vale
estão a Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) e o BNDES.
Até agora, a Vale dispensou 1.300 funcionários, ou
2% do total mundial. Maior
mineradora do mundo, a
BHP demitiu esta semana
6.000 funcionários, ou 6%
de seu total. A Rio Tinto dispensou 14 mil funcionários,
ou 13% do quadro geral.
Nos nove primeiros meses
de 2008, as despesas operacionais na Vale cresceram
28% em relação a igual período de 2007. Na mesma
comparação, a receita subiu
8%. Segundo executivos da
empresa, corte de custos tornou-se uma obsessão antes
mesmo das turbulências.
Com a crise, a redução tornou-se mandatória. E, aparentemente, havia bastante a
ser cortado. A Folha apurou
que uma das medidas tomadas recentemente foi o
maior controle sobre a emissão de passagens aéreas.
Com a internacionalização
da empresa, gerentes e diretores tinha liberdade para
emitir passagens na classe
executiva. Agora, só com autorização da direção. Reuniões, sempre que possível,
são por videoconferência.
Com a dispensa dos terceirizados -os sindicatos contabilizam 11 mil pessoas-
muitos profissionais de manutenção deixaram a empresa. A alternativa foi treinar
trabalhadores ociosos para
serviços de manutenção.
Quem também vem sofrendo com os cortes na Vale
são as inúmeras consultorias
que faziam projetos nas
áreas operacionais, administrativas e de tecnologia. Muitos projetos entregues não
foram implementados, e estudos foram interrompidos.
A indústria de máquinas
também sofre com a pisada
no freio da Vale. O processo
de aquisição de equipamentos vem sendo interrompido.
Contratos de compra já assinado foram mantidos, mas a
empresa não deu continuidade a processos em fase inicial. Produtos que chegaram
a ser orçados no início do
quarto trimestre não tiveram seus pedidos concluídos. "Acreditamos que essas
aquisições devam atrasar em
seis meses", diz José Velloso
Cardoso, vice-presidente da
Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).
A Vale informa ter um
"caixa privilegiado", graças à
emissão de ações que resultou na captação de US$ 12 bilhões, em julho. Mas reconhece que vem tomando medidas para reduzir custos e,
assim, adaptar-se "à nova
realidade do mercado".
(SL)
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