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UE recebe lista de 200 fazendas do país
Brasil tenta retomar exportação de carne bovina "in natura" aos 27 países da União Européia; bloqueio dura 23 dias
Depois de amanhã, missão de especialistas europeus inicia visita de três semanas ao país; serão inspecionadas de 30 a 35 propriedades
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
A União Européia recebeu
ontem uma lista enviada pelo
governo brasileiro com cerca
de 200 fazendas certificadas a
exportar carne bovina para os
27 países do bloco, em mais
uma tentativa de encerrar o
bloqueio ao produto, que dura
23 dias. Na semana passada,
uma equipe do Ministério da
Agricultura levou a Bruxelas
uma relação com aproximadamente 500 propriedades, que
não foi aceita pelos europeus.
Na próxima segunda-feira,
uma missão de especialistas da
Comissão Européia de Saúde
começa uma visita de três semanas ao Brasil, onde inspecionará entre 30 e 35 fazendas escolhidas da lista do governo. O
objetivo é verificar se as propriedades cumprem com as
condições sanitárias exigidas
pela UE. A visita é considerada
em Bruxelas "crucial" para que
a compra de carne brasileira
possa ser retomada.
"A Comissão recebeu das autoridades brasileiras uma lista
com menos de 200 propriedades, acompanhada dos respectivos relatórios", disse por telefone Nina Papadoulaki, porta-voz da comissário europeu de
Saúde, lendo um comunicado
oficial. Ela não quis dizer o número exato de fazendas.
"Os serviços da Comissão
Européia estão examinando o
relatório", disse Papadoulaki.
"A Comissão agora pretende
realizar uma inspeção no Brasil, que começará na segunda-feira, para verificar o cumprimento das exigências da UE
nas propriedades propostas."
A UE suspendeu importações de carne bovina brasileira
"in natura" no primeiro dia
deste mês, depois que o Brasil
apresentou uma lista com 2.681
fazendas certificadas. O bloco
europeu, contudo, havia endurecido suas exigências e limitado a 300 o número de fazendas
em que o governo brasileiro teria condições de verificar o sistema de rastreabilidade, que
acompanha o animal do nascimento ao abate, com o objetivo
de monitorar casos de doenças.
Na semana passada uma
equipe do Ministério da Agricultura chefiada pelo secretário de Defesa Agropecuária,
Inácio Kroetz, negociou durante dois dias com a Comissão
Européia, mas não conseguiu
ampliar a lista.
Segundo fontes diplomáticas
brasileiras em Genebra, a idéia
de contestar o veto europeu no
tribunal da OMC (Organização
Mundial do Comércio), alegando que a medida é uma forma
de protecionismo disfarçado,
será aplicada só se as atuais negociações fracassarem.
Cinco dias após a entrada em
vigor do veto, o chefe da missão
brasileira em Genebra, Clodoaldo Hugueney, fez duro discurso na OMC contra a medida,
que considerou "injustificada,
arbitrária e desproporcional".
O embaixador disse ainda
que o Brasil "se reserva o direito" de recorrer ao sistema de
resolução de disputas da organização. Mas a iniciativa deve
esperar. "Queremos evitar um
confronto que prejudique ainda mais as nossas relações comerciais com os europeus",
disse um diplomata brasileiro.
"Se o caso chegar à OMC é porque virou guerra de verdade."
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