São Paulo, sábado, 23 de fevereiro de 2008

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Pecuarista critica apresentação de nova relação para europeus

GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO

A decisão do governo brasileiro de apresentar lista com 200 fazendas de gado para o fornecimento de carne bovina à União Européia desagradou à entidade que representa os pecuaristas. "Desconheço essa informação. Esse número [200] -ou 1, 2, 20, 500, 600 ou 800-, e nada, é um trem só", disse à Folha Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional da Pecuária de Corte da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
"É um absurdo o Brasil se sujeitar a isso [a imposição da União Européia de um número de fazendas habilitadas para exportação]", disse. "A pecuária deles tem problemas mais sérios que os nossos", afirmou Nogueira, em referência aos casos de vaca louca em vários países do bloco econômico.
Sobre a missão de técnicos europeus que chega ao Brasil amanhã, o dirigente da CNA afirmou que "toda responsabilidade cabe ao Ministério da Agricultura". Segundo ele, o setor privado sugeriu ao governo que simplesmente não vendesse mais carne bovina "in natura" para a UE, pela insistência na lista de 300 fazendas.
Comunicado do ministério divulgado ontem "ressalta a importância do mercado europeu em termos comerciais, lembrando que essa parceria se mantém há mais de 60 anos, e que o fechamento total do comércio pode ter reflexos negativos em outros mercados".

Mercado firme
Enquanto os embarques de carne "in natura" para a Europa continuam suspensos, o preço do boi segue firme. Usado na liquidação dos contratos no mercado futuro, o indicador Esalq/BM&F, calculado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP), fechou ontem em R$ 75,98 a prazo, praticamente o mesmo valor de um mês atrás, quando o bloqueio europeu ainda não estava em vigor.
Oferta mais enxuta é o motivo para as cotações se sustentarem. Especialistas consideram que o rebanho bovino se reduziu por causa do intenso abate de matrizes de 2003 a 2006, período de preços considerados deprimidos. Com menos vacas na reprodução, diminuiu a quantidade de bezerros e, conseqüentemente, de animais prontos para o abate.
Marcus Vinicius Pratini de Moraes, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), e Antonio Jorge Camardelli, diretor-executivo da entidade, não puderam falar ontem com a Folha. Estavam em trânsito para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Eles participam de ação para promover a carne bovina nacional em feira de alimentos no Oriente Médio a partir deste fim de semana.


Colaborou MAURO ZAFALON, da Redação


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