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AGRICULTURA
Seca no Sul e no Centro-Oeste deve derrubar colheita de grãos prevista em 131,9 mi de toneladas para 119,5 mi
Safra pode ter "quebra histórica", diz Conab
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Levantamento extraordinário
da Conab (Companhia Nacional
de Abastecimento) divulgado ontem diagnosticou que a estiagem
no Sul e no Centro-Oeste devem
causar uma "quebra histórica" na
próxima safra de grãos e trouxe
ao governo a preocupação com a
possibilidade de desabastecimento de milho durante o ano -hipótese que vinha sendo descartada até o mês passado.
A Conab avalia, porém, que a
quebra na produção das principais commodities brasileiras
-milho e soja- pode ser beneficiada por reduções na produção
norte-americana, o que elevaria o
preço no mercado internacional.
Segundo essa tese, que tende a
se confirmar nos próximos meses, os grandes agricultores conseguiriam repor as perdas. Os pequenos produtores vêm recebendo incentivos do governo -como o alongamento do prazo para
pagamento de dívidas.
"A queda das produções brasileira e americana deve influir no
preço, principalmente da soja e
do milho, o que deve compensar
quem não teve grandes perdas
com a produção", disse Jacinto
Ferreira, presidente da Conab.
De acordo com os dados divulgados ontem, a estimativa da colheita de 131,9 milhões de toneladas, feita em dezembro do ano
passado, encolheu para os 119,5
milhões de toneladas, bem próximos dos 119,2 milhões da safra
anterior -crescimento de 0,3%.
O milho deve cair 7,5% em relação à safra 2003/4 e a produção de
soja crescerá menos do que o esperado, alcançando variação positiva de 6,7%.
A quebra é considerada a
"maior da história agrícola brasileira" porque indica redução de
9% em comparação com a estimativa inicial, de dezembro. Se a
previsão de 131,9 milhões de toneladas se confirmasse, a safra seria
um novo recorde.
"A quebra é sempre muito negativa para quem plantou, mas,
no balanço geral, deve haver a recuperação do preço, ao menos
para quem não perdeu tanto",
afirma Ferreira.
O levantamento foi elaborado
extraordinariamente pela Conab,
que divulga no mês que vem a última previsão de safra para a colheita de 2004/5. No próximo levantamento, a produção de soja e
de milho deve apenas "sofrer alguns ajustes", segundo o presidente da Conab.
Desta vez, a pesquisa foi feita
apenas nos Estados do Sul, no
Mato Grosso do Sul, em Goiás,
em parte do Estado de São Paulo e
na região central da Bahia, onde a
estiagem tem se apresentado mais
intensamente.
A hipótese de desabastecimento, que no mês passado era descartada, agora vem sendo avaliada como possível pelo governo.
Auxílio aos produtores
O Ministério da Agricultura deve aguardar os números definitivos sobre a safra para pleitear benefícios aos produtores das áreas
mais atingidas pela seca.
Segundo o presidente da Conab, se as medidas tomadas até
agora não forem suficientes, "o
ministro Roberto Rodrigues
[Agricultura] tem a sinalização do
ministro Antonio Palocci Filho
[Fazenda] de que vão voltar a
conversar".
No início do mês, Rodrigues assegurou aos produtores de algodão, arroz, milho, trigo e soja a
prorrogação de R$ 2,62 bilhões de
dívidas relativas a parcelas de empréstimos tomados com o
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para investimentos.
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