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RS prevê ganhos para outros Estados
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A situação definida como "catastrófica" na produção de grãos
do Rio Grande do Sul por causa
da estiagem pode beneficiar produtores de outros Estados devido
ao aumento no preço de algumas
culturas -especialmente a soja.
Esse raciocínio foi feito ontem pelo coordenador da comissão de
grãos da Farsul (Federação da
Agricultura do Rio Grande do
Sul), Jorge Rodrigues.
Tanto Rodrigues quanto o presidente da consultoria Brasoja,
Antônio Sartori, dizem que o Rio
Grande do Sul não tem como
compensar os prejuízos, que, nos
casos de alguns produtores, chegaram a 100% -perda total.
"Para os gaúchos, não tem mais
jeito. A quebra é muito séria. Não
gosto nem de prever os prejuízos,
porque temos de esperar a colheita", diz Rodrigues.
Sartori, por outro lado, critica
quem vê vantagens no aumento
dos preços. "Para nós, no Rio
Grande do Sul, a estimativa da safra de soja era de 10 milhões de toneladas. Vamos colher apenas entre 3 milhões e 3,5 milhões de toneladas. Talvez a quebra chegue a
70% ou até mais", afirma Sartori.
"Não há como compensar. O
aumento dos preços foi de R$ 29 a
saca (de 60 quilos) para R$ 35, em
dois meses. São 20%. Como a perda será de, no mínimo, 65%, é um
atentado à matemática ver vantagem nisso."
Rodrigues concorda com a opinião do consultor em relação aos
gaúchos, mas ressalva que produtores de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Bahia e até do
Paraná (que teve estiagem, mas
menos intensa) produziram normalmente e foram beneficiados
pelo aumento nos preços. O aumento, por sua vez, foi provocado
pela estiagem, que diminuiu a
oferta de grãos.
Rodrigues lembra que o preço
da soja chegou a R$ 52 a saca no
ano passado, o que, na verdade,
reduz qualquer euforia possível
com o preço em R$ 35. No total,
houve o sacrifício de 8 milhões de
toneladas de grãos.
Sartori arrisca prever perdas de
US$ 8 bilhões para a economia
gaúcha em 2005 e em 2006 devido
às perdas com a seca. De forma
direta, as perdas, segundo ele, são
de US$ 1,4 bilhão no caso da soja,
US$ 350 milhões no do milho e
US$ 200 milhões no do arroz.
""No total, a quebra da produção
atinge um prejuízo de US$ 2 bilhões. O problema é que há toda
uma cadeia do agronegócio, com
prejuízos indiretos", diz Sartori.
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