São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 2005

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RS prevê ganhos para outros Estados

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A situação definida como "catastrófica" na produção de grãos do Rio Grande do Sul por causa da estiagem pode beneficiar produtores de outros Estados devido ao aumento no preço de algumas culturas -especialmente a soja. Esse raciocínio foi feito ontem pelo coordenador da comissão de grãos da Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul), Jorge Rodrigues.
Tanto Rodrigues quanto o presidente da consultoria Brasoja, Antônio Sartori, dizem que o Rio Grande do Sul não tem como compensar os prejuízos, que, nos casos de alguns produtores, chegaram a 100% -perda total.
"Para os gaúchos, não tem mais jeito. A quebra é muito séria. Não gosto nem de prever os prejuízos, porque temos de esperar a colheita", diz Rodrigues.
Sartori, por outro lado, critica quem vê vantagens no aumento dos preços. "Para nós, no Rio Grande do Sul, a estimativa da safra de soja era de 10 milhões de toneladas. Vamos colher apenas entre 3 milhões e 3,5 milhões de toneladas. Talvez a quebra chegue a 70% ou até mais", afirma Sartori.
"Não há como compensar. O aumento dos preços foi de R$ 29 a saca (de 60 quilos) para R$ 35, em dois meses. São 20%. Como a perda será de, no mínimo, 65%, é um atentado à matemática ver vantagem nisso."
Rodrigues concorda com a opinião do consultor em relação aos gaúchos, mas ressalva que produtores de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Bahia e até do Paraná (que teve estiagem, mas menos intensa) produziram normalmente e foram beneficiados pelo aumento nos preços. O aumento, por sua vez, foi provocado pela estiagem, que diminuiu a oferta de grãos.
Rodrigues lembra que o preço da soja chegou a R$ 52 a saca no ano passado, o que, na verdade, reduz qualquer euforia possível com o preço em R$ 35. No total, houve o sacrifício de 8 milhões de toneladas de grãos.
Sartori arrisca prever perdas de US$ 8 bilhões para a economia gaúcha em 2005 e em 2006 devido às perdas com a seca. De forma direta, as perdas, segundo ele, são de US$ 1,4 bilhão no caso da soja, US$ 350 milhões no do milho e US$ 200 milhões no do arroz.
""No total, a quebra da produção atinge um prejuízo de US$ 2 bilhões. O problema é que há toda uma cadeia do agronegócio, com prejuízos indiretos", diz Sartori.


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