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Custo do licenciamento chega a 19% do total
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pesquisa do Banco Mundial
calculou que o custo do licenciamento ambiental de 66 projetos de usinas hidrelétricas,
entre 1997 e 2006, ficou entre
15,8% e 19,4% do valor total dos
empreendimentos.
Técnicos do organismo internacional avaliam que esse
custo, que engloba tanto a solução de impactos sociais como
ambientais, não difere muito
do observado em outros países.
Consideram, porém, que eles
são "significativos".
Especialistas da área elétrica
trabalhavam com uma estimativa de custo do licenciamento
ambiental um pouco menor,
entre 10% e 12%.
Os dados do estudo mostram
que os custos sociais do licenciamento ambiental são os que
mais pesam no projeto: cerca
de 10%. Já os custos ambientais
físicos são menores e ficam na
casa dos 2%.
Os demais custos se referem
a incertezas regulatórias e despesas indiretas por conta de
atrasos no licenciamento, que
respondem conjuntamente em
alguns casos por cerca de 7% do
total dos projetos.
A pesquisa foi encomendada
pelo Ministério de Minas e
Energia depois da polêmica levantada dentro do governo sobre o atraso nas licenças ambientais para servir como uma
auditoria dos levantamentos
feitos no setor.
Segundo os cenários e hipóteses trabalhados pelos pesquisadores, o tempo total médio de
entrada em operação de uma
usina hidrelétrica no país é de
seis anos e meio, quase 30%
maior do que o observado nos
Estados Unidos.
Dos 66 projetos de hidrelétricas analisados no período, 27
ultrapassaram as datas previstas de entrada em operação. Os
técnicos avaliam que todos os
atrasos se deram por conta de
problemas no licenciamento
ambiental.
No cenário traçado para elaborar a pesquisa, o Banco Mundial estima que as usinas hidrelétricas, até 2015, serão responsáveis por 75% da eletricidade
do Brasil. Hoje, elas respondem
por 85% de um setor elétrico
que atende quase 60 milhões
de clientes residenciais e comerciais, gerando uma receita
de US$ 20 bilhões por ano.
Ao tratar dos problemas enfrentados nos projetos de usinas hidrelétricas, por conta de
atrasos no licenciamento ambiental e falta de planejamento,
a pesquisa diz que "essa lacuna
acabou sendo preenchida pelas
usinas termelétricas, mais caras e poluentes, incluindo geração a diesel".
O texto do Banco Mundial,
nesse capítulo, aproveita para
alfinetar os ambientalistas ao
dizer que, "ironicamente, houve bem menos dificuldades em
obter licenças ambientais para
essas tecnologias mais caras e
mais poluidoras".
Recomendações
Os técnicos do organismo internacional, ao final do sumário da pesquisa, fazem sugestões para aperfeiçoar o sistema
de licenciamento ambiental.
Uma delas é estabelecer um
prazo máximo de três meses
para a concessão dos termos de
referência, que definem os parâmetros para elaboração dos
estudos de impacto ambiental.
O Banco Mundial propõe
ainda que o governo deveria
optar por um tipo de licença
prévia para todo um conjunto
de usinas de uma bacia de um
rio. Por exemplo, se um rio tem
capacidade para dez usinas hidrelétricas, o governo deveria
providenciar uma licença ambiental para o conjunto dessas
obras.
Depois, cada interessado deveria trabalhar para obter uma
licença específica para cada
empreendimento. O organismo avalia que esse sistema agilizaria o processo.
(VC)
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