São Paulo, domingo, 23 de abril de 2006

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CRISE NO AR

Para consultoria, opções contra falência são venda, adiamento de pagamento de dívida ou linha de crédito com o BNDES

Sem injeção de capital novo, Varig não voa

DA SUCURSAL DO RIO

A Varig precisa de dinheiro novo para continuar voando. Essa é a conclusão da maioria dos envolvidos no processo de recuperação judicial da companhia. Com dívidas que somam mais de R$ 7 bilhões e créditos a receber do governo estimados em R$ 4,4 bilhões, a Varig precisa de capital para atravessar a baixa temporada e recuperar a frota.
Relatório do analista do Unibanco Carlos Albano retrata as possíveis opções para que a companhia evite a falência: venda, adiamento do pagamento aos principais credores e linha de crédito com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Essas são as alternativas com as quais trabalha a reestruturadora da companhia, a consultoria Alvarez & Marsal.
A principal proposta de compra da companhia veio da Varig Log, ex-subsidiária controlada atualmente pela Volo do Brasil, que tem como acionistas empresários brasileiros e o fundo de investimentos americano Matlin Patterson. A proposta de US$ 400 milhões esbarrou no veto da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que adiou o aval para a transferência de ações da Varig Log para a Volo até que essa cumpra as exigências legais. Depois de superar essa etapa, a Varig Log precisa convencer os credores, que precisam aprovar a operação.
A Varig tenta negociar a concessão de um prazo de carência com os principais fornecedores. A BR Distribuidora, no entanto, já indicou que não está disposta a ceder. Desde 1º de janeiro, a Varig paga na véspera pelo combustível necessário para abastecer os aviões no dia seguinte. A empresa já negociou redução salarial de 30% e o corte de 2.900 vagas. Com a Infraero, os executivos afirmam que é possível chegar a um acordo.
A previsão dos executivos da Varig é que o FIP (Fundo de Investimento e Participação), o mecanismo desenhado para atrair novos investidores, fique pronto em julho.
Na avaliação de antigos representantes da administração da Varig, deixar a aérea quebrar em ano de eleição teria uma repercussão negativa para o governo.
Os funcionários representados pelo TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) defendem ainda que a companhia seja levada a leilão com um lance mínimo de R$ 500 milhões. O valor viria da conversão de debêntures dos credores. A idéia original era usar recursos da poupança dos ativos no Aerus, mas, com a liquidação do fundo de pensão decretada pela SPC (Secretaria de Previdência Complementar), a proposta precisou ser modificada.
Segundo Albano, a principal possibilidade para dar mais tempo à Varig é o fechamento de um acordo com os credores.


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