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RECALL DA PRIVATIZAÇÃO
Setor privatizado em 1996 terá investimento público e privado de R$ 1,2 bilhão em 18 meses
Governo lança plano para revitalizar ferrovias
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governou anunciou ontem
um plano de reformulação do setor ferroviário, "privatizado" em
1996. Haverá modificações nas
áreas de atuação das atuais concessionárias privadas, mudanças
nos grupos de controle dessas
empresas e investimento público
e privado de aproximadamente
R$ 1,2 bilhão em 18 meses.
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), que hoje já financia o setor em pouco menos de R$ 1 bilhão, deverá abrir novas linhas de
crédito. Também está em estudo
a criação de um fundo de aval (garantia) para esses empréstimos,
criado com os recursos (R$ 300
milhões anuais) que as empresas
pagam de aluguel ao governo.
"Seremos avalistas dos investimentos que as concessionárias farão no patrimônio que é da
União", disse o ministro Anderson Adauto (Transportes).
A "privatização" das ferrovias
foi, na verdade, um aluguel dos
trilhos, locomotivas e vagões, que
eram da RFFSA (Rede Ferroviária
Federal, atualmente em liquidação) e continuam propriedade do
governo federal.
O presidente do BNDES, Carlos
Lessa, disse que não há ainda previsão da quantidade de novos recursos financeiros que serão disponibilizados para as concessionárias de ferrovias.
A "privatização" do setor ferroviários serviu principalmente para livrar o governo de um prejuízo
anual de aproximadamente R$
350 milhões dado pela RFFSA
que, segundo avaliação do atual
governo, tinha "efetivo pessoal
superior às necessidades".
A malha de aproximadamente
26 mil quilômetros da RFFSA foi
dividida em sete partes, compradas por concessionários privados.
No total, foi arrecadado R$ 1,8 bilhão. Segundo Adauto, "o desempenho [das concessionárias privadas] ficou aquém do esperado e
metas não foram cumpridas".
Um dos motivos do fracasso da
"privatização" das ferrovias, na
avaliação feita pelo governo, é que
a malha da RFFSA foi dividida de
forma errada. Por isso, uma das
medidas do plano do governo é
modificar essas concessões, de
forma a torná-los "corredores de
exportação" e rentáveis para o investidor privado.
Outro item do plano do governo é reativar o transporte ferroviário de passageiros. Segundo
Adauto, já há interesse de um grupo privado europeu para o trecho
São Paulo-Rio. Seria construída
nesse trecho uma nova ferrovia
para um trem de alta velocidade.
O governo criou ainda um grupo de estudo para, em 60 dias,
tentar resolver a liquidação da
RFFSA, que se arrasta desde 1999.
Há um passivo trabalhista estimado em R$ 6 bilhões e ativos que
podem gerar R$ 2 bilhões.
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