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Ação do BC para conter queda do dólar piora dívida pública
Cresce parcela dos títulos atrelados à Selic; endividamento total chega a R$ 1,29 tri
Em abril, instituição emite US$ 4 bi em "swaps" que seguem juros para tentar
frear recuo da moeda; cai participação dos prefixados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os altos juros praticados no
Brasil continuaram a puxar o
aumento da dívida do governo
federal no mês passado. No final de abril, esse endividamento havia chegado a R$ 1,286 trilhão -R$ 7,7 bilhões acima do
valor apurado em março. Além
disso, a atuação do Banco Central para conter a queda do dólar já começa a ser sentida nas
contas do Tesouro Nacional.
O impacto dos juros reflete o
elevado nível da taxa Selic, que
serve de parâmetro para a rentabilidade dos títulos públicos
negociados no Brasil. Hoje, essa taxa está em 12,5% ao ano.
Ao longo de abril, os gastos
do governo com juros foram de
R$ 11,1 bilhões, mas seu efeito
na dívida foi compensado pelo
resgate antecipado de alguns títulos feito pelo Tesouro.
Em março, 38,8% dos títulos
públicos em circulação no país
eram corrigidos pela Selic. No
mês passado, essa proporção
havia subido para 39,6%. Parte
desse aumento reflete as operações do BC com o chamado
"swap cambial reverso".
O "swap" é negociado pelo
BC com o objetivo de favorecer
a queda do real. Por meio desses contratos, o BC faz uma
transação que equivale a uma
compra de dólares no mercado
futuro. Simultaneamente, é feita outra operação que corresponde a uma venda de títulos
públicos corrigidos pela Selic.
Isso significa que, para conter a queda do dólar, o BC acaba
elevando a parcela pós-fixada
da dívida pública, justamente o
que o Tesouro quer evitar -em
tese, títulos pós-fixados oferecem mais risco às contas do governo pois o comportamento
da Selic é imprevisível.
Em abril, o BC emitiu US$ 4
bilhões desses contratos de
"swap". "É natural que tenha
ocorrido essa deterioração,
mas ela deve ser momentânea",
diz Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings.
Segundo Agostini, houve
uma melhora "inegável" no
perfil da dívida pública nos últimos anos. Ele cita como exemplo desse avanço a maior participação dos títulos prefixados
na dívida interna do governo:
essa proporção estava em 6,5%
em setembro de 2002 e chegou
a 36,2% no mês passado.
O economista afirma que a
situação "melhorou, mas ainda
não está boa". Segundo ele, o
ideal seria que pelo menos dois
terços da dívida do governo fosse de papéis prefixados.
Além da ação do BC, o perfil
da dívida pública em abril sofreu também o impacto sazonal
do vencimento de grande volume de títulos prefixados. Esse
tipo de vencimento se concentra no início de cada trimestre e
faz a participação dos prefixados no total da dívida cair.
Em abril, os vencimentos
desses papéis somaram R$ 37,8
bilhões. Ao longo do restante
do trimestre, porém, novas
emissões são feitas pelo Tesouro e o peso dos prefixados pode
voltar aos níveis iniciais.
Dívida externa
Os números divulgados ontem mostram ainda que o peso
da dívida externa na dívida total do governo continua caindo.
Em abril, compromissos assumidos com credores estrangeiros estavam em R$ 134,5 bilhões -10,5% do total. No final
de 2006, o endividamento externo era de R$ 143,5 bilhões,
ou 11,6% do total.
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