São Paulo, sábado, 23 de junho de 2007

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Montadoras recuperam nível de emprego de 1997

Ano era considerado o melhor do setor do país, mas deve ser superado por 2007

Em 97, setor produziu 2 mi de unidades -1,9 mi para o mercado interno; em 2007, devem ser 2,8 mi, com 2,2 mi para o mercado interno

KAREN CAMACHO
DA FOLHA ONLINE

A indústria de automóveis no Brasil revive o bom desempenho de 1997, considerado o ano dourado do setor no país. Todos os recordes devem ser batidos: produção, vendas no mercado interno e receita com exportação. Os empregos gerados também acompanham o movimento de alta e, até maio, somam 110 mil funcionários, com tendência de alta -em 1997, eram 115 mil funcionários.
Hoje, porém, o setor tem uma nova cara. Se em 1997 eram nove empresas em atividade, hoje a recuperação é puxada por 22. O ABC, antes conhecido como o berço da indústria automobilística, divide as atenções com outras regiões.
Em 1997, o setor produziu 2 milhões de unidades e as vendas no mercado interno somaram mais de 1,9 milhão de veículos. Em 2007, as projeções apontam para uma produção de 2,8 milhões de veículos, com 2,2 milhões voltados para o mercado interno.
"O ano [1997] foi recorde e convenceu as empresas a investir US$ 20 bilhões nos anos seguintes", diz José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da GM. O que se viu, no entanto, foram quedas constantes, que resultaram no corte de vagas -o setor ficou com 90 mil vagas 2003. A retomada só começaria em janeiro de 2004.
Agora, a condição favorável do país, com reservas internacionais elevadas e com o menor risco-país da história, faz o setor apostar em um crescimento sustentável, diferentemente do que ocorreu em 1997.
Para as empresas, a estabilidade econômica, a queda da Selic e a expansão da massa salarial e do crédito explicam e seguram as altas. Os financiamentos, mais longos e com juros menores, respondem por 85% das vendas. Assim, o contexto estimula as empresas a investir e reverter os prejuízos da chamada "década perdida", como definem executivos.
A Fiat abriu 1.200 vagas em janeiro e anunciou outras 1.700 contratações entre maio e junho, enquanto a Volkswagen empregou 700 temporários em Taubaté (SP). A General Motors criou 600 vagas para engenheiro em 2006 -metade ainda será preenchida neste ano, além de 400 para sistemistas em Gravataí (RS)
A DaimlerChrysler contratou 450 para a fábrica da Mercedes-Benz, a Renault abriu 600 vagas para o complexo onde também funciona a Nissan e a Honda contratou 550.
A Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores) resume a expectativa do setor: "Alta na produção aumenta o nível de emprego, fato que pode ser observado neste momento. A expectativa é a de crescimento, sobretudo das vendas internas e da produção, o que abre perspectivas para o incremento de vagas na cadeia automotiva".
De acordo com a entidade, cerca de 200 mil empresas têm suas atividades ligadas à produção e aos serviços automotivos. Segundo a Anfavea, considerando os empregos diretos nas montadoras, indiretos da cadeia de suprimentos e de distribuição e da cadeia de serviços, como oficinas, seguradoras, financeiras e postos de abastecimento, o setor gera 1,5 milhão de empregos.
O presidente da Volkswagen, Thomas Schmall, durante lançamento da linha 2008 da empresa, ponderou: "Estamos otimistas com o futuro, mas demoramos dez anos para equiparar as vendas internas que foram registradas em 1997".
Pinheiro Neto, da GM, também acredita que o setor esteja "avançando para 1997", mas defende que a situação é diferente. "Todo o setor, no mundo inteiro, tem altos e baixos. A situação frágil que o Brasil viveu após o espetacular 1997 não persiste. Os juros declinantes, as reservas fantásticas e a queda do risco-país indicam condição favorável."


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