São Paulo, sábado, 23 de junho de 2007

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Montagem de carro exige qualificação cada vez maior

Trajetória do presidente Lula como metalúrgico seria improvável hoje nas fábricas de veículos do ABC paulista

Muitas funções nas plantas, dominadas por robôs e novas tecnologias, exigem diploma de engenheiro e domínio do inglês


DA FOLHA ONLINE

Movimento verificado em todo o mercado de trabalho, o perfil e as exigências também mudaram para o empregado nos setor automotivo na última década. Até o final dos anos 80, bastava ser alfabetizado e ter um curso profissionalizante para ser um montador. Agora, as vagas exigem, no mínimo, ensino médio completo.
Osvaldo Cavignato, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), foi ferramenteiro e diz que, "antigamente, bastava um curso do Senai, porque o trabalhador era qualificado dentro das empresas". Agora, segundo ele, em algumas empresas o ferramenteiro tem de ser engenheiro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o exemplo mais famoso de um empregado sem alto grau de escolaridade que se tornou torneiro mecânico depois de um curso no Senai.
Cavignato afirmou que, até o final da década de 1980, o Senai formava mais de mil alunos por ano, treinados e, em geral, contratados pela Volks ou outras montadoras do ABC. Hoje são apenas 60 alunos por ano.
O vice-presidente da GM, José Carlos Pinheiro Neto, diz que "não é com facilidade" que se preenchem algumas vagas e que investir em qualificação é uma necessidade.
Segundo ele, a dificuldade em selecionar bons profissionais não ocorre só com engenheiros. A exigência do inglês para algumas vagas, por exemplo, é uma necessidade ainda não preenchida.
A demanda de pessoal existe apesar das inovações tecnológicas que reduziram o número de funcionários. A terceirização e a automatização dominam a montagem de veículos. Quanto mais nova for a empresa e sua linha de montagem, mais automatizada ela será, e menos trabalhadores empregará.
Os dois processos, de inovação tecnológica e terceirização, para Cavignato, são definitivos.
O principal reflexo dessa capacidade de produzir mais com menos funcionários é o maior número de empresas em atividade. Em 1997, considerando o segmento de automóveis, só quatro montadoras -Volks, GM, Fiat e Ford- produziram 1,7 milhão de unidades. Em 2006, eram 17 empresas para 2 milhões de unidades.
"A máquina se apropriou do conhecimento do trabalhador. Hoje existe robô e um funcionário treinado para lidar com a máquina", afirma Cavignato. (KAREN CAMACHO)


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