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Montagem de carro exige qualificação cada vez maior
Trajetória do presidente Lula como metalúrgico seria improvável hoje nas fábricas de veículos do ABC paulista
Muitas funções nas plantas, dominadas por robôs e novas tecnologias, exigem diploma de engenheiro e domínio do inglês
DA FOLHA ONLINE
Movimento verificado em todo o mercado de trabalho, o
perfil e as exigências também
mudaram para o empregado
nos setor automotivo na última
década. Até o final dos anos 80,
bastava ser alfabetizado e ter
um curso profissionalizante
para ser um montador. Agora,
as vagas exigem, no mínimo,
ensino médio completo.
Osvaldo Cavignato, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), foi ferramenteiro e diz que, "antigamente, bastava um curso do Senai, porque o trabalhador era
qualificado dentro das empresas". Agora, segundo ele, em algumas empresas o ferramenteiro tem de ser engenheiro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o exemplo mais famoso de um empregado sem alto grau de escolaridade que se
tornou torneiro mecânico depois de um curso no Senai.
Cavignato afirmou que, até o
final da década de 1980, o Senai
formava mais de mil alunos por
ano, treinados e, em geral, contratados pela Volks ou outras
montadoras do ABC. Hoje são
apenas 60 alunos por ano.
O vice-presidente da GM, José Carlos Pinheiro Neto, diz
que "não é com facilidade" que
se preenchem algumas vagas e
que investir em qualificação é
uma necessidade.
Segundo ele, a dificuldade
em selecionar bons profissionais não ocorre só com engenheiros. A exigência do inglês
para algumas vagas, por exemplo, é uma necessidade ainda
não preenchida.
A demanda de pessoal existe
apesar das inovações tecnológicas que reduziram o número de
funcionários. A terceirização e
a automatização dominam a
montagem de veículos. Quanto
mais nova for a empresa e sua
linha de montagem, mais automatizada ela será, e menos trabalhadores empregará.
Os dois processos, de inovação tecnológica e terceirização,
para Cavignato, são definitivos.
O principal reflexo dessa capacidade de produzir mais com
menos funcionários é o maior
número de empresas em atividade. Em 1997, considerando o
segmento de automóveis, só
quatro montadoras -Volks,
GM, Fiat e Ford- produziram
1,7 milhão de unidades. Em
2006, eram 17 empresas para 2
milhões de unidades.
"A máquina se apropriou do
conhecimento do trabalhador.
Hoje existe robô e um funcionário treinado para lidar com a
máquina", afirma Cavignato.
(KAREN CAMACHO)
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