São Paulo, sábado, 23 de junho de 2007

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Receita e PF desmontam sonegação de IPI com cigarro

Foram presas 15 pessoas; prejuízo somou R$ 100 mi

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de mais de um ano de investigação, a Receita Federal e policiais federais desmontaram ontem um esquema de sonegação fiscal, comandado por uma distribuidora de cigarros, que atuava em dez Estados e deixou de recolher R$ 100 milhões em impostos no período de um ano e meio.
Entre as 15 pessoas presas estão uma auditora fiscal de Osasco (SP), que repassava à quadrilha informações sigilosas, além de contadores, diretores e proprietários de duas fábricas de cigarros populares localizadas em São Paulo -a Sudamax, em Cajamar, e a Itaba, em Baueri-, segundo agentes que participaram da operação, batizada pelos fiscais e policiais de "Reluz". Na operação, 87 servidores da Receita e 228 policiais cumpriram mais 3 mandados de prisão e 49 de busca e apreensão.
Para deixar de recolher o IPI, foi montada a distribuidora Huss Willians, que tinha sede em Barueri e 11 filiais espalhadas por São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Bahia, Pernambuco, Paraíba e Rondônia, segundo apurou a Folha.
"A distribuidora funcionava como uma empresa de fachada para conseguir liminares e garantir a venda dos cigarros sem o recolhimento do IPI na fábrica. Porém, ao repassar o produto ao varejo, o imposto era embutido no preço", diz Paulo Jakson, superintendente-adjunto da Receita em São Paulo.
A Folha procurou representantes das duas empresas e da distribuidora e não conseguiu localizar ontem advogados ou diretores dos três estabelecimentos. Sem fornecer detalhes ou nomes, a PF divulgou nota ontem informando que a distribuidora também estaria sendo usada por empresas do ramo de bebidas, principalmente cervejarias, para fugir do pagamento de impostos.
Em outubro do ano passado, a PF havia prendido 97 pessoas em oito Estados, sob acusação de fabricação e comércio ilegal de cigarros, durante a operação "Bola de Fogo". Na ocasião, a Sudamax foi considerada como uma das mentoras do esquema, e, segundo os fiscais, deixou de pagar R$ 720 milhões em impostos nos últimos cinco anos.
A PF constatou na operação de ontem que um dos líderes da quadrilha é membro de uma família de classe alta do interior de Minas Gerais -ele atuava como lobista da distribuidora.
O dinheiro dos golpes era sacado na boca do caixa ou transitava por contas-laranja. A Receita constatou que os valores eram gastos em cassinos clandestinos ou aplicados em imóveis de alto padrão, como uma casa em Trancoso (BA), fazendas, carros de luxo, embarcações e aeronaves mantidos no nome das concessionárias que os vendiam. Foram apreendidos ontem R$ 600 mil em dinheiro. (CR)


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