São Paulo, terça-feira, 23 de junho de 2009

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Queda do PIB global será mais profunda, prevê Bird

Organismo eleva de 1,7% para 2,9% estimativa de retração da economia mundial em 2009

Fatores como aumento do desemprego e necessidade de mais ajuda a bancos tornam recuperação "altamente incerta", diz Banco Mundial


ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO

A recessão global deve ser mais profunda neste ano do que se imaginara anteriormente, afirmou ontem o Bird (Banco Mundial), menos de três meses depois da divulgação da estimativa anterior, período em que já começou a se discutir se o pior da crise já passou.
Para o organismo multilateral, o PIB global deve cair 2,9% neste ano, ante a previsão de queda de 1,7% feita em março. E a recuperação no ano que vem deve ser menor do que a esperada: 2%, 0,3 ponto percentual menos do que estimou anteriormente. A estimativa do Banco Mundial é mais pessimista que a do FMI, que trabalha com queda de 1,3% neste ano e avanço de 2,4% em 2010.
A previsão do Bird de maior contração da economia global, em um momento em que as principais mundiais dão alguns sinais de recuperação, ajudou a derrubar os mercados mundiais ontem. Todas as principais Bolsas das Américas e da Europa terminaram o dia com forte queda (leia na página B3).
Segundo o estudo, a situação continuou a se agravar tanto nos países desenvolvidos como nos pobres. No primeiro caso, puxado especialmente pelo Japão e pela zona do euro (os 16 países europeus que usam a mesma moeda), a previsão é um recuo de 4,2% -a estimativa anterior era de -2,9%.
Já os países em desenvolvimento, excluindo China e Índia (que permanecem como zonas de crescimento acelerado, ainda que abaixo da média dos últimos anos), terão uma queda no PIB de 1,6%, previu o Bird. Em março, a estimativa era que eles ficariam estagnados e, em novembro do ano passado (quando a concordata do banco de investimento americano Lehman Brothers já tinha congelado os mercados de crédito do mundo todo, detonando o agravamento da crise), o Banco Mundial afirmava acreditar em um crescimento de 2,9%.
A estimativa para a economia brasileira seguiu a tendência global e piorou: queda de 1,1% (analistas ouvidos pelo BC preveem queda de 0,6%). Para o Bird, o mercado interno ajudou a proteger a economia brasileira de parte da queda nas exportações, mas ela será "cada vez mais apertada" caso a demanda externa continue a cair.
O Banco Mundial afirmou ainda que há vários indicadores de um começo de recuperação da economia global e que espera que ela se expanda a partir do segundo semestre deste ano, mas que a retomada será "muito mais suave" do que o normal.
Segundo o organismo, o momento e a força da recuperação da economia global permanecem "altamente incertos" devido a uma série de fatores: o desemprego continua a crescer, os preços das casas permanecem caindo em vários países e os balanços dos bancos ainda estão frágeis, indicando que o setor vai precisar de consolidação e novas recapitalizações.


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