São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 2002

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GANÂNCIA INFECCIOSA

Londres recua para valores de 1996, Paris para 1998

Seguros, WorldCom e bancos arrasam Bolsas da Europa

Associated Press
Operador da Bolsa de Madri, cujo índice Ibex caiu ontem 2,62%, seguindo a derrocada européia


ALCINO LEITE NETO
DE PARIS

Os preços das ações nas Bolsas européias voltaram a cair dramaticamente ontem, puxados pela falência da megacompanhia americana WorldCom. A quebra da tele afetou as ações do Deutsche Bank. Os maus resultados da seguradora Aegon, a segunda maior da Holanda, também abateram os preços de outras instituições financeiras e seguradoras.
A Aegon reviu para baixo sua previsão de lucros entre 30 e 35% por causa da baixa do dólar e da depressão das Bolsas. Suas ações caíram ontem 17,79%.
A queda provocou uma tempestade no setor de seguros. A Aegon arrastou consigo a sua congênere holandesa ING (baixa de 8,70%), as britânicas Prudential (7,96%) e Aviva (9,74%), a suíça Zurich Financial (16,58%) e a francesa Axa (10,91%).
As ações de bancos também deslizaram rumo ao pior. Bancos europeus, como o Deutsche Bank (queda de 6,16%), são alguns dos principais credores da WorldCom. Os valores do francês BNP Paribas tiveram queda de 6,43%.
A tempestade não parou aí, atingindo ainda indústrias farmacêuticas, como a Aventis (recuo de 7,65%), o setor de energia, de alimentação e petróleo. Uma das principais baixas atingiu o grupo alemão de moda Hugo Boss, que viu suas ações tombarem 17,69%, o índice mais baixo de dois anos.

Massacre nos índices
Ao fim do dia tenso, o índice Dax da Bolsa de Frankfurt caiu 5,15%, o mais baixo desde setembro de 2001. Paris fechou o índice CAC-40 com queda de 5,25%, nos 3.149,69 pontos -o mais baixo desde 9 de outubro de 1998. Em três semanas, o índice tombou 18,35%. O índice FTSE da Bolsa de Londres cedeu 4,95%, o mais baixo em seis anos, com 3.895,90 pontos. Em Madri, o índice Ibex-35 desvalorizou em 2,62%, deslizando para 6.251,90 pontos.
Foi a segunda vez em menos de quatro dias que as bolsas européias declinaram. Na última sexta-feira, o índice FTSE Eurotop 300, composto pelos maiores grupos do continente, recuou 4,8% -a segunda maior queda registrada em um único dia neste ano.

Baixa sobre baixa
A apreensão com a queda da Bolsa de Paris levou o primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin a declarar que está "otimista" com o crescimento econômico na França. Sua declaração visou a tranquilizar os mercados.
"Não creio que neste período os riscos para o crescimento sejam graves", disse Raffarin, afirmando que a relação na Europa "entre a bolha financeira e o crescimento" é "mais distante que a existente nos Estados Unidos".
No mercado financeiro, a perspectiva foi menos otimista. "Difícil prever em que momento vai parar esta queda, com os limites sendo empurrados a cada semana. A baixa alimenta a baixa", disse o estrategista de mercado Jean-Noël Vieille, da empresa de investimentos Aurel Leven.
O euro caiu 0,78% em relação ao dólar, recuando para US$ 1,0061. "O euro está em fase de correção depois dos ganhos das últimas semanas", disse o economista Iain Stannard, do BNP Paribas.

Com agências internacionais


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