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GANÂNCIA INFECCIOSA
Foi maior queda em um dia desde setembro; piso de 10 mil pontos não era atingido desde agosto de 99
Bolsa despenca 6,52%, para baixo de 10 mil
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ibovespa, principal índice da
Bolsa de Valores de São Paulo,
caiu 6,52%, para 9.892 pontos ontem. Foi a maior queda percentual do indicador em um dia desde setembro do ano passado, mês
dos ataques terroristas aos EUA.
A Bolsa não se situava abaixo
dos 10 mil pontos há quase três
anos -desde agosto de 1999. O
giro financeiro foi de R$ 579,7 milhões. Com o péssimo dia em todos os mercados mundiais, o
comportamento da Bovespa não
poderia ter sido muito diferente.
"Há uma preocupante crise de
credibilidade, que leva à retração
do fluxo de investimentos globais", avalia Pedro Thomazoni,
diretor do Lloyds TSB. "O Brasil
sofre ainda mais por sua forte dependência do capital estrangeiro e
pela vulnerabilidade trazida pelo
ano eleitoral." Mas houve fatores
internos que ajudaram a "colocar
lenha na fogueira", como diz Thomazoni. Além das quedas de mais
de 5% nas Bolsas européias, o dia
começou com a notícia de que a
Petrobras compraria 58,6% da
empresa argentina Perez Companc por US$ 1,125 bilhão.
"O mercado questiona se o preço, o momento e a estratégia da
empresa estão adequados", afirma Alexandre Silvério, sócio e
gestor de Bolsa da GAP Asset Management. As ações preferenciais
(sem direito a voto) da companhia caíram 6,94% e as ordinárias
(com direito a voto) despencaram
8,89%. Os dois papéis têm grande
peso entre os 57 que compõem o
Ibovespa e contribuíram muito
para a queda da Bolsa.
"A operação anunciada pela Petrobras atingirá, obviamente, o
fluxo de caixa da empresa, o que
afetará seu valor do mercado", diz
Helio Osaki, analista da Finambras. "A correção é natural."
Além disso a notícia de que a
WorldCom pediu concordata,
embora esperada pelos investidores, prejudicou o desempenho
dos papéis de outras empresas do
setor de telecomunicações. As
ações preferenciais da Net (antiga
Globo Cabo) caíram 21,4%; os papéis preferenciais da Telemar, os
de maior peso para o Ibovespa, se
desvalorizaram em 7,96%. Apenas a Embratel ON se livrou da
baixa e subiu 2,2%. A Embratel
divulgou nota dizendo que seus
serviços não serão prejudicados
pela concordata de sua controladora, a WorldCom. Embratel ON
e Souza Cruz ON, que teve alta de
0,6%, fora os dois únicos papéis
do Ibovespa que subiram ontem.
A queda da Bolsa foi intensificada no final das negociações. Isso
porque o dólar acelerou sua alta.
A moeda americana fechou a R$
2,906, novo recorde do real. Entre
os motivos, a especulação em torno de pesquisas eleitorais.
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