São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Moeda norte-americana sobe 1,36%; pesquisa eleitoral e possível saída de recursos explicam alta

Dólar vai a R$ 2,906, novo recorde do real

DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar bateu novo recorde do real e fechou valendo R$ 2,906, em alta de 1,36%, na máxima do dia. O recorde anterior era os R$ 2,90 do dia 1º de julho.
A alta da moeda americana foi acentuada no final das negociações. Apesar do cenário externo nervoso, com fortes quedas nas Bolsas mundiais, o dólar oscilou, na maior parte do dia, com valorização moderada, de 0,5%.
Uma procura maior pela moeda americana seria esperada, uma vez que, em momentos de instabilidade como o atual, investidores compram dólares na busca de um "porto seguro" -o desejo de ter um ativo real em mãos.
O risco-país brasileiro subiu 4,6%, para 1.621 pontos.
No final da tarde, cresceu a especulação entre os operadores em torno de sondagens eleitorais.
Números de pesquisa Vox Populi, que deveria ser divulgada hoje, indicariam nova subida do candidato do PPS, Ciro Gomes, na preferência dos eleitores.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria permanecido estável, com 34%. Ciro teria subido para 27% e o candidato do governo, José Serra (PSDB), caído para 13%.
Os números que circularam no mercado variavam um pouco, mas concordavam em dois pontos -aumentou para 14 pontos percentuais a distância entre Ciro e Serra. E Ciro já se aproxima de um empate técnico com Lula. O mercado voltou a cogitar uma possível ida para os segundo turno de dois candidatos de oposição. Agradaria mais aos investidores se este governo elegesse seu candidato, o que sinalizaria a continuidade da política econômica.
Também houve boatos sobre uma saída forte de recursos. Entre operadores, o rumor, não confirmado, era que o BNDES teria comprado dólares para quitar títulos que estariam vencendo. No mercado futuro, o dólar fechou a R$ 2,884, abaixo da cotação à vista, o que reforçou a tese de saída de recursos. Isso costuma acontecer quando, por uma necessidade específica, o investidor se dispõe a pagar mais pela moeda. O BC fez sua intervenção no mercado ontem por meio de um leilão de linha externa de US$ 50 milhões.
Segundo Pedro Thomazoni, diretor do Lloyds TSB, o BC age corretamente ao não vender dólares diariamente ao mercado.
"O BC está administrando a alta da moeda. Até as eleições, acho difícil que o dólar caia forte."
(ANA PAULA RAGAZZI)


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