São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2004

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RETOMADA

Pesquisa revela aumento da confiança dos empresários no 2º trimestre

Indústria espera faturar e contratar mais, aponta CNI

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A confiança dos empresários da indústria brasileira aumentou 7,8% no segundo trimestre do ano em relação ao anterior. É o que mostra pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada ontem. A pontuação chegou aos 60,7, ante 56,3 pontos no primeiro trimestre.
Trata-se do maior valor para o mês de julho desde 2000. Os dados da CNI mostram o resultado de avaliação dos empresários. A escala de pontuação varia de 0 a 100 -números acima de 50 indicam resultados positivos.
Da mesma forma é feita a pesquisa intitulada "Sondagem Industrial", que avalia produção, faturamento, geração de emprego e utilização da capacidade industrial instalada. No segundo trimestre deste ano, os dados apontaram índices positivos em todos os casos.
Isso não havia acontecido no trimestre anterior, quando só um índice (utilização da capacidade instalada) não havia ficado negativo (abaixo dos 50 pontos).
"O resultado divulgado indica que a atividade está em recuperação, a produção das empresas aumentou. A atividade neste trimestre é a mais elevada desde 2000. Vamos lembrar que o período entre 2000 e início de 2001 foi a melhor época de crescimento da economia brasileira nos últimos anos", avalia o coordenador da Unidade Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
Ele destaca ainda que o aspecto mais importante do levantamento é a ampliação da geração de emprego.
"A avaliação foi positiva tanto no último trimestre como na expectativa de criação de novos postos de trabalho para os próximos seis meses. Ou seja, as empresas pretendem contratar."
O resultado aponta também que a expectativa do empresário para o próximo semestre obteve índices recordes, os maiores em todas as áreas (faturamento, compras de matérias-primas e geração de emprego) desde o início da pesquisa, em 1998.
A expectativa de exportação ficou bem avaliada (acima dos 50 pontos), mas não foi recorde. "O índice de faturamento, compra de matéria-prima e [a geração de] emprego são os mais altos. O de exportação também é positivo, mostra que o empresário pretende exportar no próximo semestre, mas não foi "o maior", como os outros", disse Castelo Branco.

Principais problemas
Além de situação trimestral e expectativas, o levantamento detectou os principais problemas enfrentados pelos empresários.
A carga tributária foi apontada por 74% como o maior obstáculo. "O resultado é o mesmo pelo segundo trimestre consecutivo, tanto para as grandes como para as pequenas e médias [empresas]. Acreditamos que a mudança da Cofins possa ter contribuído para essa avaliação."
O governo aumentou de 3% para 7,6% a alíquota da Cofins neste ano com o fim da cumulatividade.
Para as pequenas e médias empresas, o segundo maior problema é a competição acirrada do mercado. Já as grandes apontam as taxas elevadas de juros.
De acordo com Castelo Branco, o anúncio do Banco Central de manter a taxa de juros em 16% pode influenciar mais nas avaliações futuras dos empresários. "Até agora a taxa foi a mesma, mas está muito alta. A CNI tem expectativa de que o governo a abaixe. Há condições para isso."
A pesquisa foi feita entre 30 de junho e o dia 20 deste mês, com 1.297 empresas, das quais 1.097 pequenas e médias e 200 grandes. (ANDREA MIRAMONTES)


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