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Economista descarta
"bolha de crescimento"
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
O economista José Alexandre
Scheinkman, professor da Universidade Princeton (EUA), afirma que o período de recuperação
econômica brasileira atual não é
apenas uma "bolha de crescimento". Mas avalia que o país tem
condições de crescer a taxas não
maiores do que 3,5% a 4% ao ano.
Se quiser alcançar taxas de 6% a
7%, terá que continuar a avançar
nas reformas do Estado.
"As medidas que foram tomadas, não só por esse governo como pelo governo anterior, podem
levar ao crescimento sustentável",
disse o economista ontem durante o 4º Encontro Brasileiro de Finanças, organizado pela Sociedade Brasileira de Finanças em parceria com a Coppead/UFRJ.
"Acho que o Brasil tem a capacidade de ter um crescimento asiático. Mas, para isso, tem que fazer
reformas. Sem atacar a questão da
informalidade da economia, sem
o Brasil se inserir mais na economia internacional, sem o Brasil ter
o tipo de estrutura de desenvolvimento de tecnologia que os países
asiáticos têm, sem o Brasil fazer os
investimentos em infra-estrutura,
sem o país dar maior certeza jurídica para investidores, vai ser difícil ter esse tipo de crescimento."
A lista do que o país ainda precisa fazer é tão grande que Scheinkman causou risos na platéia ao
afirmar que receita de economista
é como dar o seguinte conselho a
uma criança que quer aprender a
jogar basquete: "Jogue como o
Michael Jordan". Conclusão do
próprio: "É uma receita correta,
mas não muito útil." Brincadeiras
à parte, o economista liberal centrou fogo mesmo no combate à
informalidade. Para ele, isso passa
por uma desburocratização da legislação, diminuição de impostos
e maior fiscalização por parte do
governo. "Hoje, no Brasil, é muito
difícil ser formal."
Outro ponto que deve ser considerado, segundo ele, é o investimento em infra-estrutura. "O
Brasil tem uma carga tributária de
36% do PIB. Os países com essa
carga tributária conseguem financiar a sua infra-estrutura."
Tanto ele como o economista
Edward Amadeo, ex-ministro do
Trabalho e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da
Fazenda do governo FHC, também presente ao encontro, avaliam que a maneira de elevar o investimento em infra-estrutura é a
desvinculação das receitas da
União. "É normal que, num período de crise, você preserve os
gastos sociais e diminua investimentos. Só não se pode fazer isso
indefinidamente", disse Amadeo.
Para ele, as atuais condições da
economia são muito boas, principalmente por causa do superávit
comercial. "Há uma quantidade
de gordura da balança comercial
muito grande, que vai permitir
gerar oferta suficiente à medida
que a demanda for crescendo para que não haja gargalos."
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