São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 2002

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APAGÃO

Ministério ignora parecer e antecipa mudanças nas divisões; tarifa pode subir

Governo altera mercado de energia

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério de Minas e Energia descartou pareceres técnicos do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) e da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e antecipou modificações na divisão de mercados de energia no país. A decisão favorece empresas geradoras do Sul e do Norte e pode causar aumentos de tarifa. A mudança foi aprovada na última reunião do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) por iniciativa do ministério.
Hoje existem quatro submercados: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Cada geradora só pode vender dentro do seu submercado. Essa divisão deveria permanecer até 2004. Na quarta-feira, o CNPE determinou que a Aneel irá reduzir os submercados para dois: Sul/Sudeste/Centro-Oeste e Norte/Nordeste.
Com a mudança, geradoras do Sul podem vender energia também nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Já as geradoras do Norte (Eletronorte) podem vender energia no Nordeste. As regiões Sul e Norte são exportadoras de energia, ou seja, produzem mais e podem vender onde o consumo é maior - Sudeste e Nordeste.
Uma das empresas favorecidas com a mudança é a Copel (Companhia Paranaense de Energia). O ministro Francisco Gomide (Minas e Energia), paranaense, presidente do CNPE, foi presidente da Copel de 1983 a 1996.
Em carta enviada ao ministério, o diretor-presidente do ONS, Mário Santos, avalia que a fusão dos submercados cria aumentos "significativos" nos custos de transmissão. Isso acontece porque haverá maior distância entre a localização das geradoras e os centros consumidores. Esses custos são repassados aos consumidores.
A posição do ONS é que só haja fusão entre os submercados a partir de 2004, quando haverá mais linhas de transmissão.
Gomide informou, por meio de sua assessoria, que a redução de mercados é um "benefício para o consumidor, porque vai expor as empresas à maior competição". Sem a diminuição, haveria "monopólio no Norte [da Eletronorte" e oligopólio no Sul".


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