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BC faz leilão "atrativo" de US$ 100 milhões
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central tornou mais
flexíveis as condições impostas
para a concessão de linhas de crédito para exportadores. O objetivo foi tornar a operação mais
atrativa para os bancos, que serão
os intermediários entre o BC e as
empresas.
Hoje o BC irá ofertar, por meio
de um leilão, US$ 100 milhões que
deverão ser adquiridos por bancos e, posteriormente, repassados
a empresas.
A idéia inicial do BC era que os
bancos repassassem esses recursos para os exportadores num
prazo máximo de dois dias úteis,
contado a partir do dia do leilão.
A pedido das instituições financeiras, o prazo foi estendido para
cinco dias corridos.
Segundo o diretor de Política
Monetária do BC, Luiz Fernando
Figueiredo, a mudança foi feita
para tornar a operação "mais fácil" para as instituições financeiras. "Assim os bancos terão um
tempo maior para atender seus
clientes", afirma.
Outro pedido atendido pelo BC
foi permitir que os bancos repassem o crédito pago antecipadamente por um cliente para outra
empresa, sem ter de cumprir o
prazo mínimo estabelecido para
as linhas, que é de 90 dias.
Pela regra anterior, se o banco
fizesse um empréstimo de 180
dias, e seu cliente pagasse em 100
dias, o banco não poderia usar a
linha para financiar outra empresa por 80 dias, pois seria por um
prazo inferior aos 90 dias. Agora,
o prazo mínimo de 90 dias só precisa ser respeitado no primeiro
empréstimo.
A preocupação dos bancos era
que o prazo de dois dias úteis não
fosse suficiente para que se entrasse em contato com seus clientes e se fechassem os contratos. O
prazo dos empréstimos irá variar
de 90 a 180 dias.
O objetivo do BC é oferecer ao
mercado, pelo menos, US$ 2 bilhões em novas linhas de crédito
comerciais. O leilão de US$ 100
milhões de hoje é uma espécie de
teste, sendo que novas ofertas, de
valores maiores, devem ocorrer a
partir da semana que vem.
Ontem, Figueiredo se reuniu
em São Paulo com representantes
dos bancos autorizados a operar
com o BC -conhecidos no mercado como "dealers"- para acertar os últimos detalhes do leilão de
hoje. Também participou do encontro o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Beny Parnes.
Apenas esse grupo de 25 instituições poderá comprar os dólares oferecidos pelo BC. Os juros
que os bancos terão de pagar ao
BC pelo empréstimo serão definidos no leilão: quem se dispor a pagar juros maiores poderá levar
mais dólares.
A concessão de linhas de crédito
deve reduzir o poder do BC em intervir no mercado de câmbio. O
novo acordo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional) limita a
US$ 3 bilhões o total de recursos
das reservas internacionais que o
BC pode gastar num período de
30 dias corridos.
Nesse limite estão incluídas tanto as linhas de crédito quanto as
intervenções no câmbio. Até o último dia 19, o BC já havia vendido
cerca de US$ 1,2 bilhão neste mês
para tentar frear a alta do dólar.
Exportadores precisam de dinheiro para financiar a produção
e o embarque de seus produtos
para fora do país. Com a desconfiança dos mercados em relação
oa Brasil, a oferta de linhas de crédito para as empresas se reduziu.
A falta de empréstimos aos exportadores dificulta a venda de
produtos para o exterior, reduzindo o fluxo de dólares para o país e
pressionando a cotação do dólar.
Colaborou LEONARDO SOUZA, da Sucursal de Brasília
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