São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 2002

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BC faz leilão "atrativo" de US$ 100 milhões

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central tornou mais flexíveis as condições impostas para a concessão de linhas de crédito para exportadores. O objetivo foi tornar a operação mais atrativa para os bancos, que serão os intermediários entre o BC e as empresas.
Hoje o BC irá ofertar, por meio de um leilão, US$ 100 milhões que deverão ser adquiridos por bancos e, posteriormente, repassados a empresas.
A idéia inicial do BC era que os bancos repassassem esses recursos para os exportadores num prazo máximo de dois dias úteis, contado a partir do dia do leilão. A pedido das instituições financeiras, o prazo foi estendido para cinco dias corridos.
Segundo o diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, a mudança foi feita para tornar a operação "mais fácil" para as instituições financeiras. "Assim os bancos terão um tempo maior para atender seus clientes", afirma.
Outro pedido atendido pelo BC foi permitir que os bancos repassem o crédito pago antecipadamente por um cliente para outra empresa, sem ter de cumprir o prazo mínimo estabelecido para as linhas, que é de 90 dias.
Pela regra anterior, se o banco fizesse um empréstimo de 180 dias, e seu cliente pagasse em 100 dias, o banco não poderia usar a linha para financiar outra empresa por 80 dias, pois seria por um prazo inferior aos 90 dias. Agora, o prazo mínimo de 90 dias só precisa ser respeitado no primeiro empréstimo.
A preocupação dos bancos era que o prazo de dois dias úteis não fosse suficiente para que se entrasse em contato com seus clientes e se fechassem os contratos. O prazo dos empréstimos irá variar de 90 a 180 dias.
O objetivo do BC é oferecer ao mercado, pelo menos, US$ 2 bilhões em novas linhas de crédito comerciais. O leilão de US$ 100 milhões de hoje é uma espécie de teste, sendo que novas ofertas, de valores maiores, devem ocorrer a partir da semana que vem.
Ontem, Figueiredo se reuniu em São Paulo com representantes dos bancos autorizados a operar com o BC -conhecidos no mercado como "dealers"- para acertar os últimos detalhes do leilão de hoje. Também participou do encontro o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Beny Parnes.
Apenas esse grupo de 25 instituições poderá comprar os dólares oferecidos pelo BC. Os juros que os bancos terão de pagar ao BC pelo empréstimo serão definidos no leilão: quem se dispor a pagar juros maiores poderá levar mais dólares.
A concessão de linhas de crédito deve reduzir o poder do BC em intervir no mercado de câmbio. O novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) limita a US$ 3 bilhões o total de recursos das reservas internacionais que o BC pode gastar num período de 30 dias corridos.
Nesse limite estão incluídas tanto as linhas de crédito quanto as intervenções no câmbio. Até o último dia 19, o BC já havia vendido cerca de US$ 1,2 bilhão neste mês para tentar frear a alta do dólar.
Exportadores precisam de dinheiro para financiar a produção e o embarque de seus produtos para fora do país. Com a desconfiança dos mercados em relação oa Brasil, a oferta de linhas de crédito para as empresas se reduziu.
A falta de empréstimos aos exportadores dificulta a venda de produtos para o exterior, reduzindo o fluxo de dólares para o país e pressionando a cotação do dólar.


Colaborou LEONARDO SOUZA, da Sucursal de Brasília


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