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Trigo vai encarecer o preço do macarrão
Quebra da safra mundial do cereal faz país importar mais e provocará aumentos em até 10%, diz indústria das massas
Indústria deve começar a repassar a alta no preço do trigo, que tem subido há dois meses, para o varejo nas próximas semanas
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A quebra da safra de trigo no
Brasil e nos principais países
produtores -EUA, Canadá,
Austrália e Argentina- vai deixar mais cara a macarronada de
domingo. Por conta da queda
da produção mundial, motivada por fatores climáticos, os
preços do trigo vêm subindo
desde julho e, ontem, a Abima
(Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias) informou que "haverá repasse de até 10% no preço do
macarrão" no país.
Segundo Eliane Kay, presidente da associação, os moinhos já estão repassando o aumento dos preços internacionais para a indústria de massas.
"Tentamos negociar ao máximo com os fornecedores, mas,
nas próximas semanas, o aumento de preços chegará ao
consumidor final", diz ela.
O Brasil consome 10,7 milhões de toneladas de trigo por
ano e produz 5,8 milhões de toneladas (dados de 2005). Neste
ano, no entanto, as últimas projeções apontam para uma safra
local de apenas 2,5 milhões de
toneladas.
A Argentina, principal fornecedor do país, também deve enfrentar redução na sua produção e não terá condições de
atender à demanda brasileira,
que deve chegar a 7,5 milhões
de toneladas, segundo Kay. "A
safra brasileira será extremamente pequena e o governo argentino ameaça suspender as
exportações para evitar o aumento dos preços internos",
diz Samuel Hosken, presidente
da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo).
Os moinhos já negociam com
produtores de países de fora do
Mercosul e terão de pagar mais
caro. Embora o preço do trigo
argentino tenha subido de US$
145 por tonelada, em julho, para US$ 175 atualmente, ele custa menos do que o dos produtores do hemisfério Norte. O trigo
dos EUA custa US$ 220 por tonelada, e o do Canadá, US$ 190.
Além disso, o produto argentino não paga a TEC (Tarifa Externa Comum) de 10% sobre o
valor importado, fruto do acordo do Mercosul. "Em julho, a
Abitrigo já havia detectado que
haveria necessidade de uma
importação maior neste ano e
solicitou ao governo a eliminação da TEC sobre as compras
fora do Mercosul", diz Hosken.
No entanto, segundo ele, a
proposta não foi aceita pelo setor internacional do Ministério
da Agricultura. Agora, a saída é
lançar mão da resolução 6.900
do Mercosul, que permite aos
países signatários reduzir a
TEC de 10% para 2%. "Mas será
insuficiente, pois o preço internacional subiu muito", diz ele.
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