São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2006

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Trigo vai encarecer o preço do macarrão

Quebra da safra mundial do cereal faz país importar mais e provocará aumentos em até 10%, diz indústria das massas

Indústria deve começar a repassar a alta no preço do trigo, que tem subido há dois meses, para o varejo nas próximas semanas

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A quebra da safra de trigo no Brasil e nos principais países produtores -EUA, Canadá, Austrália e Argentina- vai deixar mais cara a macarronada de domingo. Por conta da queda da produção mundial, motivada por fatores climáticos, os preços do trigo vêm subindo desde julho e, ontem, a Abima (Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias) informou que "haverá repasse de até 10% no preço do macarrão" no país.
Segundo Eliane Kay, presidente da associação, os moinhos já estão repassando o aumento dos preços internacionais para a indústria de massas. "Tentamos negociar ao máximo com os fornecedores, mas, nas próximas semanas, o aumento de preços chegará ao consumidor final", diz ela.
O Brasil consome 10,7 milhões de toneladas de trigo por ano e produz 5,8 milhões de toneladas (dados de 2005). Neste ano, no entanto, as últimas projeções apontam para uma safra local de apenas 2,5 milhões de toneladas.
A Argentina, principal fornecedor do país, também deve enfrentar redução na sua produção e não terá condições de atender à demanda brasileira, que deve chegar a 7,5 milhões de toneladas, segundo Kay. "A safra brasileira será extremamente pequena e o governo argentino ameaça suspender as exportações para evitar o aumento dos preços internos", diz Samuel Hosken, presidente da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo).
Os moinhos já negociam com produtores de países de fora do Mercosul e terão de pagar mais caro. Embora o preço do trigo argentino tenha subido de US$ 145 por tonelada, em julho, para US$ 175 atualmente, ele custa menos do que o dos produtores do hemisfério Norte. O trigo dos EUA custa US$ 220 por tonelada, e o do Canadá, US$ 190.
Além disso, o produto argentino não paga a TEC (Tarifa Externa Comum) de 10% sobre o valor importado, fruto do acordo do Mercosul. "Em julho, a Abitrigo já havia detectado que haveria necessidade de uma importação maior neste ano e solicitou ao governo a eliminação da TEC sobre as compras fora do Mercosul", diz Hosken.
No entanto, segundo ele, a proposta não foi aceita pelo setor internacional do Ministério da Agricultura. Agora, a saída é lançar mão da resolução 6.900 do Mercosul, que permite aos países signatários reduzir a TEC de 10% para 2%. "Mas será insuficiente, pois o preço internacional subiu muito", diz ele.


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