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Bolívia agora cobra expansão da Petrobras
País pressiona estatal a ampliar atividades de exploração e produção de gás a fim de atender às demandas argentina e interna
Assunto foi tema de reunião ontem entre o ministro dos
Hidrocarbonetos boliviano e
Nelson Hubner (Minas e
Energia) em São Paulo
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Cada vez mais pressionada
pela produção de gás insuficiente e depois de limitar as
operações da Petrobras no país,
a Bolívia agora quer que a estatal brasileira amplie as atividades de exploração e produção.
O assunto foi um dos principais temas da reunião realizada
ontem, em São Paulo, entre o
ministro boliviano de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, e o
ministro interino de Minas e
Energia, Nelson Hubner.
Hoje, segundo a Folha apurou com membros do governo
boliviano, o encontro será com
o presidente da Petrobras, José
Sergio Gabrielli, no Rio.
Segundo essas fontes bolivianas, Villegas quer que a Petrobras expanda a produção de gás
para que a Bolívia possa atender ao crescimento da demanda tanto da Argentina como do
mercado interno.
Esse aumento seria possível
caso a Petrobras assuma o megacampo Itaú, um dos maiores
do país e vizinho a San Alberto
-este operado pela Petrobras.
Segundo estudos encomendados pelo governo boliviano, os
dois campos são unificados.
Como o campo de Itaú -ainda sem produção- está sob
responsabilidade da francesa
Total, a negociação envolveria
um acordo entre o governo e as
duas empresas.
A Petrobras, no entanto, só
tem se comprometido a investir o suficiente para manter os
atuais níveis de produção nos
dois megacampos que opera,
San Alberto e San Antonio, de
onde sai quase todo o gás exportado ao Brasil. Na reunião
de ontem, o governo brasileiro
não assumiu compromissos de
novos investimentos.
Na saída do encontro, Hubner confirmou à Folha que o
objetivo da reunião era discutir
novos investimentos da Petrobras na Bolívia. "Falamos sobre
investimentos, mas isso vai ser
tratado melhor com a Petrobras", disse, sem detalhar.
Depois de impor rígida legislação durante o processo de nacionalização, no ano passado, a
Bolívia tem enfrentado dificuldades para convencer as empresas a investir no país. A Petrobras foi a mais atingida,
pois, além do aumento da carga
tributária, foi obrigada a vender suas duas refinarias. Dos
800 funcionários que a empresa tinha, só restou a metade.
Além disse, a expectativa boliviana de que novas empresas
estrangeiras investissem no setor de gás, principalmente a estatal venezuelana PDVSA, até
agora não saiu do papel.
Com um produção de 40,5
milhões de m3 diários, a Bolívia
destina cerca de 30 milhões de
m3/dia ao contrato com a Petrobras, o GSA (Acordo de Suprimento de Gás, na sigla em
inglês). O restante é exportado
para a Argentina (atualmente,
entre 4 milhões e 4,5 milhões)
e consumido internamente (6
milhões de m3/dia).
A falta de produção fez a Bolívia suspender o envio de gás a
Cuiabá desde meados de setembro, provocando a paralisação da termelétrica Governador Mário Covas. Não há previsão de restabelecimento.
Com HUMBERTO MEDINA , da Sucursal
de Brasília, e PAULO DE ARAÚJO ,
colaboração para a Folha.
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