São Paulo, terça-feira, 23 de outubro de 2007

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Bolívia agora cobra expansão da Petrobras

País pressiona estatal a ampliar atividades de exploração e produção de gás a fim de atender às demandas argentina e interna

Assunto foi tema de reunião ontem entre o ministro dos Hidrocarbonetos boliviano e Nelson Hubner (Minas e Energia) em São Paulo

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Cada vez mais pressionada pela produção de gás insuficiente e depois de limitar as operações da Petrobras no país, a Bolívia agora quer que a estatal brasileira amplie as atividades de exploração e produção. O assunto foi um dos principais temas da reunião realizada ontem, em São Paulo, entre o ministro boliviano de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, e o ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner.
Hoje, segundo a Folha apurou com membros do governo boliviano, o encontro será com o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, no Rio. Segundo essas fontes bolivianas, Villegas quer que a Petrobras expanda a produção de gás para que a Bolívia possa atender ao crescimento da demanda tanto da Argentina como do mercado interno.
Esse aumento seria possível caso a Petrobras assuma o megacampo Itaú, um dos maiores do país e vizinho a San Alberto -este operado pela Petrobras. Segundo estudos encomendados pelo governo boliviano, os dois campos são unificados. Como o campo de Itaú -ainda sem produção- está sob responsabilidade da francesa Total, a negociação envolveria um acordo entre o governo e as duas empresas.
A Petrobras, no entanto, só tem se comprometido a investir o suficiente para manter os atuais níveis de produção nos dois megacampos que opera, San Alberto e San Antonio, de onde sai quase todo o gás exportado ao Brasil. Na reunião de ontem, o governo brasileiro não assumiu compromissos de novos investimentos.
Na saída do encontro, Hubner confirmou à Folha que o objetivo da reunião era discutir novos investimentos da Petrobras na Bolívia. "Falamos sobre investimentos, mas isso vai ser tratado melhor com a Petrobras", disse, sem detalhar. Depois de impor rígida legislação durante o processo de nacionalização, no ano passado, a Bolívia tem enfrentado dificuldades para convencer as empresas a investir no país. A Petrobras foi a mais atingida, pois, além do aumento da carga tributária, foi obrigada a vender suas duas refinarias. Dos 800 funcionários que a empresa tinha, só restou a metade.
Além disse, a expectativa boliviana de que novas empresas estrangeiras investissem no setor de gás, principalmente a estatal venezuelana PDVSA, até agora não saiu do papel. Com um produção de 40,5 milhões de m3 diários, a Bolívia destina cerca de 30 milhões de m3/dia ao contrato com a Petrobras, o GSA (Acordo de Suprimento de Gás, na sigla em inglês). O restante é exportado para a Argentina (atualmente, entre 4 milhões e 4,5 milhões) e consumido internamente (6 milhões de m3/dia).
A falta de produção fez a Bolívia suspender o envio de gás a Cuiabá desde meados de setembro, provocando a paralisação da termelétrica Governador Mário Covas. Não há previsão de restabelecimento.


Com HUMBERTO MEDINA , da Sucursal de Brasília, e PAULO DE ARAÚJO , colaboração para a Folha.


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