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Governo adia pela 4ª vez leilão do rio Madeira
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo adiou, pela quarta
vez, o leilão da hidrelétrica de
Santo Antônio, no rio Madeira
(RO). Inicialmente anunciada
para o final de setembro, a licitação deverá acontecer no dia
10 de dezembro, segundo o governo. O novo adiamento foi
pedido pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que
ainda não recebeu do Ministério de Minas e Energia as diretrizes para elaborar o edital.
A previsão da agência reguladora é aprovar o documento na
próxima reunião de diretoria,
na terça-feira da semana que
vem. De acordo com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma
Rousseff, essa providência já
foi tomada. "O ministro Nelson
Hubner [interino de Minas e
Energia] me informou agora
[ontem] de manhã que ele está
enviando uma portaria para
publicação em que ele aceita o
pleito da Aneel de transferir o
leilão do final de novembro para o início de dezembro, para
facilitar toda a estruturação do
leilão", disse a ministra, em viagem nos Estados Unidos.
A hidrelétrica de Santo Antônio faz parte do PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento)
e é uma das principais obras para aumento da oferta de energia no médio prazo - quando
concluída, terá capacidade para
gerar 3.168 MW (megawatts).
No ano que vem, o governo deverá licitar mais uma hidrelétrica no rio Madeira: Jirau, com
capacidade de gerar 3.326 MW.
A realização do leilão acontece em meio a uma briga judicial
que opõe o governo federal à
empreiteira Odebrecht, que
participará do leilão associada
à estatal Furnas. A disputa
acontece porque a Odebrecht
tem contratos de exclusividade
assinados com os principais
fornecedores de equipamentos
para a construção da usina.
Pelos contratos, esses fornecedores -como fabricantes de
turbinas, por exemplo- não
podem vender equipamentos
para a construção da hidrelétrica de Santo Antônio para outras empresas. A SDE (Secretaria de Direito Econômico), órgão do Ministério da Justiça,
determinou que os contratos
não estão mais valendo, mas a
Odebrecht conseguiu reverter
a decisão na Justiça. A SDE recorreu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas o caso ainda está em análise.
De acordo com o presidente
da EPE (Empresa de Planejamento Energético, estatal que
planeja o setor), Maurício Tolmasquim, o governo fará o leilão na nova data marcada, independentemente da decisão da
Justiça. "O leilão vai ocorrer
nessa data independente da decisão que venha. É claro que a
gente espera que a decisão seja
a melhor possível, no sentido
de ser mantido o máximo de
concorrência", disse.
Na avaliação do governo, o
contrato de exclusividade entre
a Odebrecht e os fornecedores
tira a competitividade do leilão
e impõe um aumento no custo
de energia equivalente a R$ 8
por megawatt-hora, segundo
documento divulgado pela Folha no sábado. "O preço poderá
baixar menos do que baixaria",
disse Tolmasquim. "Qualquer
decisão que torne o número de
competidores mais restrito dificulta um deságio maior [no
preço da energia]", afirmou. No
documento, a Advocacia Geral
da União fala em adiar indefinidamente o leilão se o contrato
de exclusividade for mantido.
Riscos
Para Tolmasquim, o novo
adiamento não significa aumento de risco de falta de energia. "Para 2012, nós já estamos
atendidos. [A usina do] Madeira sempre esteve programada
para entrar no final de 2012 e
deverá entrar nessa data."
Um dos principais riscos de
atraso está na chamada "janela
hidrológica": as obras que vão
dar início à construção da usina
de Santo Antônio têm que começar em junho. Se a "janela"
for perdida ano que vem, a obra
só começa em junho de 2009.
Colaborou SÉRGIO DÁVILA , de Washington
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