São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

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Brasil quer que MP seja modelo no Mercosul

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

A medida provisória que na prática permite que o governo compre e privatize empresas de qualquer setor, via Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, será a grande cartada brasileira na reunião de ministros do exterior e da Fazenda de dez países da América do Sul, na próxima segunda-feira, em Brasília, para discutir a crise financeira internacional.
O Brasil quer reforçar a posição de líder regional, repetindo o que a Inglaterra fez na União Européia: o país saiu na frente, jogou bilhões de euros na estatização de bancos, e foi seguido pelos demais países do bloco.
Brasil e Argentina defenderão que os países da América do Sul sigam o exemplo deles, tirando aos poucos o dólar das comercializações internas. A medida entrou em vigor neste mês, em caráter experimental.
Participam da reunião, convocada extraordinariamente, os quatro membros originais do Mercosul e os seis associados: Venezuela, Chile, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia.
Eles apresentarão suas preocupações diante da crise e dirão que ações foram e serão tomadas para reduzir seus efeitos na economia real de cada um e do continente. A expectativa brasileira é que a medida provisória publicada ontem seja a estrela do encontro.
O Brasil, porém, terá dificuldades com a Argentina na primeira rodada de reuniões, só com os membros originais do bloco, em que será tratada a proposta argentina de discutir a TEC (Tarifa Externa Comum) entre os quatro países.
O Ministério da Fazenda avisou ao Itamaraty que o Brasil é contrário, alegando que a crise pegou os países em condições diferentes e que a discussão poderia criar problemas entre eles, quando há questões maiores e mais imediatas.
Na avaliação brasileira, a macroeconomia do país está muito mais sólida para enfrentar a crise do que a da argentina.
Os representantes brasileiros serão os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Celso Amorim (Relações Exteriores).


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