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São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2003

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ENERGIA

Águas do rio Grande geram 31% da eletricidade do Sudeste e Centro-Oeste

Reservatórios têm níveis do apagão

AFRA BALAZINA
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

JOEL SILVA
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO

Os níveis dos quatro reservatórios de usinas hidrelétricas instalados no rio Grande (divisa entre os Estados de SP e MG) e que respondem por 31% do fornecimento de energia elétrica das regiões Sudeste e Centro-Oeste estão baixos, dois deles com índices próximos aos verificados na época do apagão registrado em 2001.
Em situação mais crítica estão o de Água Vermelha e o de Marimbondo. O primeiro, responsável pelo abastecimento de 2,6% das duas regiões, atingiu um índice de 7,27% na semana passada, o mais baixo desde o racionamento de 2001, quando chegou a 5,05%.
O reservatório de Marimbondo, que abastece 3,1% das regiões, atingiu 8,47% de sua capacidade na quinta-feira passada. Durante o apagão de 2001, o nível do reservatório chegou a 3,83%.
O maior dos reservatórios, o de Furnas, que fornece energia para 21,5% das regiões, está com 55,88% de sua capacidade e não preocupa, segundo o engenheiro Wildes de Souza Carvalho, 52, do ONS (Operador Nacional do Sistema). Ele diz que o reservatório atinge, mesmo com esse nível, um nível razoável de produtividade.
O único dos quatro reservatórios que está próximo de sua capacidade ideal é o de Mascarenhas de Morais (96,9%), responsável pelo abastecimento de 2,7% do Sudeste e Centro-Oeste.
De acordo com a usina de Furnas, a maior parte do rio está seis metros abaixo do nível normal. Para o ONS, a situação está dentro do esperado e não haverá problemas de abastecimento em 2003.
"O problema é que, com o nível baixo de água, a energia armazenada no sistema fica reduzida. Por isso, fazemos um planejamento e mantemos estoques para aguentar até o fim de novembro, quando as chuvas começam."
Para ele, o problema tende a diminuir ainda neste ano. "O que garante o funcionamento do sistema são os níveis da região como um todo. Como as chuvas começam a partir do próximo mês, a tendência é que os reservatórios ganhem mais capacidade e, até abril de 2004, possam estar com quase 100% da capacidade."
Quem reclama são os pescadores. Maurício Ferreira, 46, que trabalha na região de Guaraci (476 km de São Paulo), disse que nunca tinha visto o rio tão baixo nos 15 anos que frequenta o local. Segundo ele, com a piracema, os pescadores só podem pescar com anzol na margem do rio, mas, com o nível baixo, os peixes procuram lugares mais fundos.
Ele disse ainda que hoje pesca 30% a menos do que o normal.



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